A (única) entrevista de Petraglia
Na quarta passada a coluna sugeriu que o presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, viesse a público falar sobre a decepcionante campanha do clube na Série B. Ele o fez, na sexta (10). Apesar de dedicar boa parte do tempo à velha história de que o clube “está em meio a um projeto que começou em 1995”, enumerando as obras passadas e próximas, o dirigente disse duas coisas relevantes para o momento do futebol. A primeira, de que errou em algumas avaliações na montagem do departamento de futebol. A segunda, de que, mesmo sem ainda ter um técnico definido (deve ficar mesmo com Drubscky), mudou a tempo de tentar o acesso. É fato que muitos jogadores chegaram e a direção mudou, comprovando a postura que está no discurso. Fato também que se perdeu um semestre – novamente. No geral, a entrevista mostrou um Petraglia mais sereno e deixou a promessa de que esses encontros, importantes para o torcedor entender a cabeça do dirigente, irão acontecer outras vezes.
Direitos e deveres
Mudo a chave para abordar outro tema palpitante: a postura do CREF (Conselho Regional de Educação Física) sobre o fato de Ricardinho, ex-jogador sem o diploma de Ed. Física, estar exercendo a profissão de técnico no Paraná. Ouvi e li muita bobagem sobre o tema, quase todas sob o signo do clubismo. Não é o caso. Ricardinho vem se mostrando competente na função, é talentoso e viveu o futebol. Mas em um país que ignora e menospreza a educação, não podemos tratar como apenas “revanchismo” a exigência do CREF. Ser um profissional de educação física e coordenar um grupo de atletas é uma função que exige conhecimento em fisiologia, biomecânica, pedagogia e psicologia, entre tantos outros além da tática. Seria incoerente defender o diploma para jornalistas e atenuar o pedido do CREF. O Brasil precisa amadurecer, valorizar a educação e o conhecimento. Ricardinho, diga-se, está cursando faculdade de Educação Física e sabe disso. Busca o conhecimento e deve ser exemplo: tem o direito de trabalhar (está amparado pela CBF) e o dever de aprender o melhor. O CREF-PR está certo, ainda que esteja sozinho no pedido. Se outros centros não fazem, estão errados. E Ricardinho , assim como todos os técnicos, sairá fortalecido desta, podem escrever.
Desempenho Coxa
O Coritiba tem sim um projeto, digno de elogios, já rasgados diversas vezes nessa coluna. Mas precisa repensar algumas rotas. Há tempos não perdia tantos pontos no Couto como nesse Brasileirão. A rotina perde/empata em casa e perde fora só tem um resultado conhecido: a queda. O Coxa precisa mudar sua estratégia antes que a água chegue ao pescoço. Perdeu pontos para Palmeiras e Sport em casa, clubes logo abaixo na classificação. Terá que buscar fora. E, previsível, tem perdido dos mais fortes e vencido apenas alguns dos mais fracos. E o grupo não é de todo ruim, como mostrou em um torneio de tiro curto, a Copa do Brasil. A estabilidade no clube é admirável, mas não pode ser confundida com apatia. Futebol às vezes exige um chacoalhão, para que quem fique relembre a razão pela qual está vestindo aquela camisa.
