Sobre eleições, Copa e a paixão nacional

Será o despertar? (Foto: Franklin de Freitas @FranklinJE)
Será o despertar? (Foto: Franklin de Freitas @FranklinJE)

O País do Futebol passou os últimos meses debatendo – pasmem! – política. As redes sociais se tornaram verdadeiras tribunas, todo mundo passou a entender de política como “nunca antes na história deste País”. Partidários ou não, todos se envolveram na disputa. Nem sempre com a melhor informação ou com a melhor das intenções, mas, não neguemos, foi uma grande surpresa ver tanta gente engajada.

Teve quem reclamou. Que não conseguia mais entrar na rede social sem ver ao menos uma mensagem de um dos candidatos. Que não aguentava mais falar de política. Ora!, uma das principais reclamações do Brasil não era aquela que diz que “quando-o-brasileiro-der-mais valor-à-política-que-ao-futebol-o-País-vai-melhorar”? Pois parece que chegou a hora. Motivada, muita gente foi votar hoje com a camisa que mais representa o Brasil, a da Seleção, aquela que só saia do armário de quatro em quatro anos.

Se o debate não foi dos melhores, ele pelo menos aconteceu. Trocamos os erros de arbitragem pelas opções eleitorais nas mesas de boteco, mesmo que por poucas semanas. Houve um festival de desinformação sim, mas houve também interesse em se informar. O filtro virá com o tempo. A democracia no Brasil é nova. Depois de 25 anos de ditadura, temos neste ano, curiosamente, 25 anos de democracia. De 1964 pra cá o brasileiro perdeu e recuperou o direito de votar, e, claro, desaprendeu. A democracia engatinha; de fato, em 2014, ela deu suas primeiras palavras.

Erramos em muitas coisas, a começar pela composição do Congresso Nacional. Falta a compreensão do papel de cada cargo político no cenário nacional. O voto para o deputado é tão ou até mais importante que o para presidente. Quem vencer essa eleição – e se você está lendo este texto depois das 20h de domingo já sabe quem é – vai ter que rebolar para aprovar suas propostas em uma câmara recortada com diversas bancadas “filosóficas” e 28 partidos diferentes. Coligações virão aí, com personagens que poderiam estar fora do cargo, mas foram reconduzidos ao poder por um povo que ainda se guia por aparências ou pelo “santinho” achado no chão. “Alguém tem um deputado aí para indicar?”, ainda pergunta o incauto.

Tal qual no futebol, ainda temos uma visão um tanto quanto míope do cenário nacional num todo. Se há um privilégio de exibição de dois ou três clubes no Brasileirão, enquanto muitos outros têm público e potencial, na política tivemos uma corrida bipolar. Figuras bem distintas, é verdade, mas outras tantas propostas diferentes se apresentaram sem o mesmo eco. A discussão aconteceu, mas superficial. Convenhamos, quem aí também leu os planos de governo? Somos poucos.

Ainda assim há o que se comemorar. O principal será o respeito pelo direito ao voto. O derrotado certamente fará uma oposição ferrenha – tomara que inteligente, aprovando o que de fato for bom para o Brasil – nos próximos anos. Também terá que aceitar a derrota. O debate foi instituído. Nas próximas, tenho certeza, o eleitor passará a se informar mais sobre a necessidade de se votar bem para vereador, deputados, senador; passará a conhecer tanto as qualidades do zagueiro central do seu time quando da figura central escolhida pelo partido para representar um grupo de poder que governará os Estados e o País. Pelo menos é o que o cenário atual indica.

A despeito dos boatos e dos militantes cegos, o povo parece ter pego gosto pelo debate político. Agora é melhorar. E quem sabe finalmente o futebol passe a ser mesmo “somente” a mais importante entre as menos importantes coisas do Mundo.

O futuro está em jogo no Brasil

Bandeira do Brasil
O final de semana será decisivo no Brasil. Na verdade, nesse tipo de disputa, a posição é ganha dia após dia. Mas é inegável que o momento do embate direto é o que conta. Por isso, quando o mineiro de azul encarar a força vermelha, dada a situação apresentada até aqui, estaremos provavelmente vendo quem de fato será o número 1 no País.

Muito aconteceu até aqui para que o quadro se desenhasse assim. Antes do duelo azul e vermelho, uma terceira força se apresentou bem como opção. Parecia que iria desbancar a força mineira, mas acabou cercada por todos os lados, até por gente da mesma origem. Perdeu espaço para os pequenos após se sobressair aos azuis. Pode ainda surpreender, mas parece cada dia mais que a polarização nesse 2o turno será mesmo entre antigos rivais, que decidiram a parada no passado.

No âmbito estadual também há bons duelos. No Paraná, por exemplo, o mais velho encara o mais novo num cenário desfavorável para ambos. Um anda extremamente desgastado, apesar de um passado que lhe dá respaldo. Ninguém – ou quase ninguém – acredita mais na força do mais antigo nessa disputa. Isso porém não o descarta como possível vencedor nesse final de semana. Afinal o mais novo também não passa confiança, apesar de estar à frente. A juventude e a inexperiência têm sido adversárias deste concorrente. Instável, tem méritos e deficiências que confundem quem o avalia, sem saber ao certo se entrega realmente tudo o que promete.

Essa disputa ainda tem um gaúcho atrevido e um verde que ganhou destaque nessa semana. O primeiro passou a incomodar surpreendentemente vencendo algum descrédito. O segundo chamou a atenção já na quinta, com uma postura firme num embate isolado sobre um tema indigesto. Além destas decisões, outras em menor escala vão desenhar todo o panorama para o futuro. Posições importantes no cenário nacional, com representatividade em todo o Brasil, que podem melhorar a imagem do País no exterior.

Assim, quando Cruzeiro e Inter jogarem no Mineirão, o futuro do Brasileirão estará em jogo. Como em 1976, quando decidiram o campeonato. O São Paulo, terceiro colocado, espera pelo tropeço do líder, mas já não se apresenta como o protagonista para a briga pelo título. Perdeu para o Corinthians, deixou pontos em Curitiba e com Flamengo e Fluminense. Na outra metade da tabela, Coritiba e Atlético fazem um clássico longe dos olhos da grande mídia, mas cheio de rivalidade. Atleticanos e coxas, especialmente os primeiros, esperavam estarem em melhor situação. O que ambos encaram é menos do que gostariam e mais complicado do que parece. O centenário Coxa quer deixar a lanterna e buscar alívio nesse segundo turno; o renovado Furacão não quer nem pensar em prorrogar a disputa contra a queda. Pouco pra quem pensou em G4.

O Grêmio recebe o São Paulo pra seguir vencendo o descrédito em seu time e principalmente em seu técnico. Falar em título pode ser utópico, mas a despeito do trabalho anterior na Seleção, ninguém pode negar que Felipão acertou o time. Já o Palmeiras finalmente goleou na competição, fazendo 4-2 na abertura da rodada em cima da Chapecoense, na briga contra o indigesto Z4. A rodada ainda tem gente brigando no meio da tabela, sonhando com Libertadores e se dividindo com a Sul-Americana, num momento em que o futebol brasileiro vive total descrédito aos olhos internacionais. Pontos corridos são assim, cada rodada é decisiva. Nesse final de semana não será diferente.

Poderia ser política, mas é futebol.

O outro lado de Anfield Road

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Anfield Road é um dos estádios mais míticos do futebol mundial. A casa do Liverpool, que nesse final de semana abriga o derby da cidade contra o Everton, é conhecida pela pressão nos adversários causada pela fanática torcida vermelha. “You´ll never walk alone”, uma música de 1945 que, em seu refrão, diz que “você nunca andará sozinho”. É o que está no portão de entrada de Anfield. Mas não é o que se vê no bairro, abandonado em quase todo o entorno do estádio, com afixação de cartazes como o da foto acima. Por conta de “abandono de projeto” (dereliction by design, como consta no cartaz), quase todos os vizinhos simplesmente abandonaram suas casas ao redor do estádio e hoje brigam contra o Liverpool FC e a prefeitura da cidade para serem indenizados. A foto abaixo ilustra bem a “cidade fantasma” ao redor de Anfield:

Portas fechadas em plena tarde de terça: Anfield é um bairro-fantasma
Portas fechadas em plena tarde de terça: Anfield é um bairro-fantasma

A briga começou em 1996, quando o Liverpool decidiu ampliar seu estádio, melhorando o padrão em relação a outros da Premier League. O conselho da cidade – leia-se prefeitura – deu apoio e começou então o processo de compra das casas. A própria prefeitura adquiriu alguns imóveis em benefício do clube. Próximo a Anfield está o Stanley Park, que seria integrado ao complexo novo com o apoio da cidade. O Everton, outro time da cidade, também seria beneficiado de certa maneira. O parque Stanley separa os estádios de ambos (Goodson Park de Anfield) com 1km de distância. Nem todos os donos, porém, aceitaram os valores. A partir dali instaurou-se uma guerrilha econômica.

Cerca de 10 proprietários não fecharam negócio e impediram o clube e a prefeitura de levar adiante o projeto nos últimos 18 anos. Dentro do direito de propriedade, eles entendem que a oferta não é boa suficiente para fechar negócio. No entanto, com as demais casas compradas – e desocupadas – o bairro foi ruindo. As pessoas que fecharam negócio foram deixando suas casas, as lojas foram fechando as portas. O bairro se tornou fantasma.

Uma associação de moradores que permanece com a posse das casas protesta contra a forma “vampiresca” com a qual a cidade e o clube pressionam para a desocupação total da área. Do outro lado, uma região grande de Liverpool – uma cidade de 450 mil habitantes – está completamente parada, atrasada em seu desenvolvimento, o que causa revolta em outros moradores. Discute-se inclusive a construção de um novo estádio para o Liverpool dentro do Stanley Park, como solução para o impasse. Além dos custos da nova obra, o Liverpool e a cidade podem ainda ter que arcar com indenizações que giram em torno de 500 mil libras por casa, em avaliação sobre a perda de receita pela falta de uso das casas.

No último dia 31 de maio as partes se reuniram, mas não firmaram um acordo. A prefeitura deu indícios de que pode fechar acordo com três dos proprietários dissidentes. É um avanço, mas que pode ainda estar longe de ser a solução para o caso.

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Curiosamente, o período da discussão sobre Anfield marca também o declínio do domínio dos Reds no futebol inglês. Até 1996 o Liverpool era o maior campeão inglês, com 18 conquistas (a última na temporada 1989-90). De lá para cá, e já durante a discussão, viu o Manchester United, então com 11 conquistas, ultrapassar o número de taças e se tornar o rei da Premier League, com 20 títulos.

Sábado, quando milhares caminharem rumo a Anfield para ver o duelo entre Liverpool e Everton, o bairro deixará de ser fantasma, ao menos por 90 minutos. Depois, Anfield voltará a estar sozinho, apesar da mensagem em seu portão.

 

Despedida

Foram 2 anos de muito aprendizado e oportunidades. Mas agora aviso aos amigos que chegou ao fim meu ciclo profissional no Terra. A empresa que me acolheu em SP tomou uma nova direção e uma grande reformulação está sendo feita no departamento de Esportes. Assim, como outros muitos amigos, me despeço nesta quarta 13.
 
Só tenho a agradecer pela oportunidade de transmitir a Olimpíada de Londres, duas temporadas do Campeonato Alemão, do Russo, da Copa da Itália, do Grego e da Liga Europa e ainda mais uma do Português. Vários programas, entrevistas marcantes, grandes amizades e a certeza do trabalho bem feito nesse período.
 
Volto a buscar novas oportunidades a partir de agora. Aos amigos da área, aviso a disponibilidade para novos projetos. Aos seguidores do trabalho, o recado de que em breve espero poder avisar onde estaremos dando continuidade a carreira. O blog também busca um novo endereço.
 
Aos amigos que se despedem comigo nesse dia, o muito obrigado pelo companheirismo e o desejo de muita sorte nos próximos desafios; aos que ficam, o mesmo desejo de sorte para seguirem na luta.
 

“República Argentina” já divide elenco do Palmeiras

O Palmeiras pode ter sérios problemas para administrar a continuidade do técnico argentino Ricardo Gareca na temporada 2014. De acordo com um relato de uma fonte ligada ao clube paulista, a razão do técnico não conceder entrevista após a derrota por 2 a 1 para o Atlético-MG em Belo Horizonte foi uma ríspida e intensa discussão com o meia Wesley, ainda nos vestiários do Estádio Independência. Wesley teria cobrado duramente o treinador e demonstrado profunda irritação com a crescente colônia estrangeira no Palmeiras, contando com o apoio de Felipe Menezes. Um dos jogadores citados na discussão foi Leandro, preterido por Gareca nos últimos jogos.

O capitão Lúcio teria tomado o partido do treinador para apaziguar a situação e o elenco mostrou sinais de divisão. Gareca decidiu então não ir à entrevista coletiva. Nesta terça o Palmeiras anunciou mais um argentino, o atacante Cristaldo.

O Palmeiras está há 8 jogos sem vitória no Brasileirão, com 6 derrotas e 2 empates no período. Gareca dirigiu a equipe em 5 destes jogos, com duas vitórias pela Copa do Brasil, sobre o Avaí.

O blog tentou um contato com a diretoria palmeirense, que não atendeu ou retornou as ligações.

 

Bundesliga rocks!

Circula pela internet o cartaz abaixo, elaborado pela revista 11 Freunde, da Alemanha, para promover a Bundesliga – o campeonato alemão – que você poderá ver de graça e ao vivo aqui pela internet, no Terra, a partir de 22 de agosto.

O cartaz é uma referência ao festival Wacken, um dos maiores do Mundo na cena do heavy metal, e liga os nomes dos clubes da primeira divisão a algumas bandas do cenário musical – não necessariamente rock ou heavy metal.

Você seria capaz de reconhecer todas? Veja e se desafie, antes de ler a resposta lá embaixo:

Pensou? São 18 clubes. Desafie-se antes de descer o scroll…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bem, aqui vai a resposta:

The Beatles – Bayern de Munique, o principal time da Liga.
Run DMC – Borussia Dortmund (BVB é a sigla do clube, como CSA)
Motorhead – Wolfsburg
AC/DC – Augsburg
Slayer – Schalke 04
Wu-Tang-Clan – Werder Bremen
The Who – Paderborn
Linkin Park – Borussia Monchengladbach (Borussia Park é o nome do estádio)
Scorpions – Hannover 96
Rammstein – Hertha Berlin
Public Enemy – Hoffenhein (TSG 1899 é o nome completo)
Dinosaur Jr = Hamburgo
Tokio Hotel = Mainz
Tocotronic = Freiburg
Chemical Brothers = Bayer Leverkusen (Bayer é um laboratório farmacêutico)
Die Toten Hosen = Eintracht Frankfurt
Höhner = Colônia (banda local da região)
Fur = Stuttgart (VFB é a sigla do clube)
 
A bola rola na Bundesliga, ao vivo e de graça, a partir do dia 22 de agosto aqui no Terra!

 

Dunga, medo e rejeição

“Sou um ser humano. Sei que eu tenho que melhorar muito no contato com as pessoas, com os jornalistas. (…) É a minha culpa, a reflexão que eu tive nos últimos anos.”

Poderia ser eu, você, qualquer pessoa a falar a frase acima – excetuando talvez a parte dos “jornalistas”, algo particular do cargo dele. Mas a frase é de Dunga (de) novo técnico da Seleção Brasileira. E, no sentido de reconhecer que algo não correu bem, todos nós já fomos Dunga um dia.

Os números falam por Dunga na primeira passagem na Seleção. Dois títulos (Copas América e Confederações), o primeiro lugar nas Eliminatórias, vitórias por três ou mais gols contra Argentina, Uruguai, Itália e Portugal. Parou nas quartas-de-final, contra a Holanda, em um jogo muito igual, no qual teve domínio durante o primeiro tempo e sofreu a virada em situações conhecidas. Tivesse levado 7 e talvez fosse esquartejado em praça pública. E sabe por que? Porque Dunga não é simpático.

Oras!, simpatia não é o requisito principal para se dirigir a Seleção. Competência, sim. Dunga tem um karma em sua vida: é instigado a provar sempre o mesmo ciclo. Foi assim da Era Dunga de 1990 ao Tetra em 1994, quando ergueu a taça como capitão. Repete agora, na condição de técnico, muito embora não saibamos se irá ter o mesmo final em 2018.

Nesse meio tempo, veremos um festival de repulsa ao nome de Dunga. Não necessariamente ao trabalho; ao nome, à figura. Dunga poderá provar em campo que pode vencer (atenção: vencer não é mudar o futebol brasileiro) e ainda assim será questionado. Tem inimigos, talvez até gratuitos. A situação toda me lembra o vídeo da atriz Regina Duarte dizendo ter “medo” do resultado das eleições 2002. Não vou avaliar aqui o que o País viveu nos últimos 12 anos, mas Regina estava errada. Antecipou um medo que nunca veio. Muitos agora tem “medo” de Dunga. O torcedor, tudo bem.

Mas o jornalista foge do ofício ao se comportar assim. Ao jornalista, caberá uma avaliação do trabalho. Não precisa ser amigo de Dunga, nem deve ser inimigo. Deve avaliar com isenção e educação e esperar o mesmo tratamento do treinador. Dunga não merece o medo antecipado do que não foi vivido ainda.

Em todo caso, não será Dunga a mudar o futebol brasileiro. Poderá dar padrão ao time. Talvez não agradará os fãs do futebol de 1982, nem repita o tiki-taka da Espanha. Talvez tenha um outro método para vencer seus jogos. Não importa. Mesmo se vencer todos os jogos daqui até a final da Copa 2018, Dunga não mudará o futebol brasileiro. A mudança que é necessária é estrutural, filosófica. 

Dunga pode no máximo mudar a imagem que muitos têm dele. Mudar a imagem ruim dos 10 gols tomados pela Seleção nos últimos jogos da Copa 2014. E será esse o trabalho dele, nada além.

Os palcos da próxima Copa

Agora é 2018. E o “Imagina na Copa” vai dar lugar ao “Представьте себе чемпионат мира”. É a vez dos russos se preocuparem com estádios e todo o resto que o brasileiro tanto debateu nos últimos anos. Assim sendo, o blog “visitou” as 12 cidades-sede do Mundial da Rússia para ver atualmente como estão os estádios. O passeio foi pelo Google Earth, realizado em 15/07/2014. Algumas imagens podem estar defasadas. Confira:

Palco da abertura e do encerramento da Copa 2018, o Estádio Luzhniki é um dos poucos a estarem 100% prontos para a Copa. Ok, tem quatro anos ainda, estão na frente nesse.

A nova casa do Zenit, de Hulk, ainda está em obras. Será a Arena Zenit.

O velho estádio de Rostov ainda está em pé. No destaque, a vista aérea. Maior, a fachada atual, que já tem um poster do projeto à disposição dos visitantes – mesmo aqueles via internet.

O complexo esportivo de Sochi está praticamente pronto desde a Olimpíada de Inverno sediada pela cidade. Mas o Estádio Olímpico ainda passa por algumas reformas.

O estádio de Samara ainda não começou as obras. No detalhe, o projeto; na foto maior, a casa do Krylya Sovetov.

As obras em Kazan estão em bom ritmo. Acima, a Arena Kazan, futura casa do Rubin.

Novgorod é outra cidade-sede que ainda não começou as obras. No detalhe de baixo, a atual fachada do estádio; acima, a do projeto.

Kaliningrado ainda não começou a transformar o Estádio Baltika, acima, na nova Arena Baltika.

Em Saransk, o antigo estádio Start já começou a ser mexido para se tornar o Estádio Yubileyniy (leia rápido e em voz alta, por favor).

O Central Stadium já começou a ser mexido em Volgogrado, mas as obras ainda estão lentas.

O Estádio Central, em Ecaterimburgo, que começa a ser mexido para a Copa; em destaque, a fachada atual.

O Campeonato Russo será atração no Terra nesse segundo semestre. Acompanhe a evolução dos palcos para 2018 AO VIVO e GRÁTIS com a gente aqui no site!

 

O pior ainda está por vir

(Foto: Daniel Ramalho)

O futuro não é mais como era antigamente, já cantava Renato Russo. A humilhante goleada por 7 a 1 imposta pela Alemanha ao Brasil na histórica semifinal da Copa do Mundo é, acima de tudo, um recado muito claro ao futebol brasileiro. Resta saber se o país irá entender.

Vinte e quatro horas depois da acachapante eliminação, já se viu de tudo. Desde uma coletiva patética da comissão técnica do Brasil, numa tentativa barata de explicar o inexplicável, até a chegada da Argentina à decisão do Mundial. Os eternos rivais poderão ser campeões aqui, mas nem de longe isso será o pior. O que pode vir pela frente sim, será ainda mais humilhante que levar sete em casa.

O futebol brasileiro está perdido. O jogo, que dura 90 minutos e está sujeito à intempéries como as de ontem, foi apenas mais um sinal. A Alemanha destroçou os sonhos do Brasil, mas deixou acima de tudo um grande exemplo de como sair desta armadilha que as cabeças pensantes (?) do futebol brasileiro enfiaram o futebol nacional. A partir do legado esportivo da Copa.

O Brasil ganhou 12 novos estádios para a Copa, sem contar as casas novas de Grêmio e Palmeiras. Algo parecido com o que os alemães viveram em 2006, quando reformaram seus estádios para cairem numa semifinal contra a Itália. Não foi por 7 a 1, mas ajudou a mudar a cara do futebol alemão. A começar pela base da equipe. Os alemães reconheceram os erros, não qualificando como “pane”, “tsunami” ou “atípica” a derrota. Valorizaram os jovens talentos, limparam o que havia de ruim. Refizeram sua ideia de futebol. Foram semifinalistas em 2010 e finalistas novamente agora. Ganhar é questão de tempo. Há um trabalho real. Por aqui é dificil afirmar o mesmo. É verdade que essa geração ficará marcada, mas também é verdade que bons valores como David Luiz, Oscar e Neymar devem seguir na Seleção.

O contrário será zerar novamente, como foi feito com Dunga. Não duvido. Como foram cruéis com Dunga, um técnico que valorizou o time nacional e equiparou condições de trabalho. Foi traído até por quem beneficiou. Do zero, o Brasil ainda chegou à uma semifinal. Passou uma vergonha histórica, que mostrou o que é vergonha de verdade, nada como o pobre time de 1950, que foi o primeiro a chegar a uma final, ou o de 1990, que perdeu um jogo igual para a Argentina. Mas, confesso, isso também não é o pior.

O pior é ver que o sucateamento do futebol nacional está na cara de todos e nada acontece. Os clubes estão quebrando. Eles, que formam os jogadores, vivem em um calendário insano, prejudicial, com diferenças gritantes entre cotas de televisão para um mesmo campeonato, o que acabará por liquidar de vez o modelo. De onde sairão novos jogadores, se o interior está falindo e os médios não tem força de competir com dois ou três privilegiados financeiramente? Essa foi a Seleção menos Brasileira de todos os tempos, com apenas quatro jogadores atuando no futebol nacional. E isso porque até mesmo clubes como Shakhtar Donetsk ou Zenit conseguem levar os talentos daqui cada vez mais cedo. E quem pode condenar um Vitória, Coritiba ou mesmo o Grêmio em vender seus jogadores ainda mal formados quando se compete contra um milionário Corinthians?

Por falar no Timão, a nova casa corintiana recebeu a semifinal entre Holanda e Argentina e se despediu da Copa. Volta já na próxima quarta, com Inter x Corinthians, bom jogo. Mas como irá sobreviver ao longo dos anos quando acolher um Mirassol x Corinthians numa quarta a noite, 22h, pela segunda rodada do Paulistão? Quem pagará a conta da abertura desta Arena, ou na Baixada para um Iraty x Atlético, no Beira-Rio para um Inter x São Luiz nas mesmas circunstâncias? A CBF é que não.

A Conferação, que vira as costas aos seus clubes, não irá ajudar nem a manter estádios públicos, muito mais problemáticos, como a Arena Amazônia. A cúpula do futebol nacional não perdeu tempo e marcou amistosos contra Colômbia e Equador nos EUA e contra a Argentina em Pequim. Os direitos dos jogos pertencem a um grupo internacional, que preferiu movimentar outras praças que não Brasília, Cuiabá ou Manaus, as mais problemáticas da Copa. Mas não me furto em pensar que algum jogo do Brasileirão seja deslocado para alguma destas cidades, na tentativa de tapar o buraco.

Um técnico estrangeiro na Seleção é o debate do momento. Convenhamos, ninguém duvidava da capacidade de Felipão com essa seleção. Ele segue, assim como Parreira, um campeão do Mundo. O que fez de bom, não se apaga. O que fizeram de ruim, em 2006 e agora, também não – e olha que foram desvios de conduta muito parecidos (valeu, Dunga). No entanto, enquanto se discute o lado tático do Brasil, a falta de inovação e a morte do jogo bonito, enquanto se pensa em trazer um Guardiola ou um José Mourinho para mudar o rumo das coisas, esquece-se do principal.

Guardiola ou Mourinho poderá fazer as convocações que bem entenderem ou terá que manter as convocações “geográficas”, sempre tentando agradar uma praça local em um amistoso, ou mesmo aquelas que ajudam jogadores a abrirem mercado na Inglaterra, que só contrata selecionáveis? Poderá contar com seus principais nomes ou terá que abrir mão de um ou outro porque o Brasileirão não respeita as datas Fifa? Mourinho ou Guardiola terá liberdade de fechar a Granja Comary e lidar com criticas com todos ou só meia-duzia, enquanto cumpre um ou outro compromisso midiático/publicitário? Que revolução fará, sem liberdade? Material humano no banco de reservas o País já tem. Uma nova geração que está lendo Wenger e Mourinho, assiste jogos e não se espanta com Joel Campbell ou o quarteto destruidor da Alemanha. Aliás, isso vale também para muitos dos colegas de imprensa, cujo raio de visão não passa do Tietê ou de Copacabana.

A Alemanha pulverizou vários recordes brasileiros. Ultrapassou a Seleção no números de gols marcados em Copas, em número de finais disputadas; Klose deixou Ronaldo para trás, num pequeno castigo para o ex-grande jogador, cada vez mais boquirroto fora das quatro linhas. Foi a maior goleada sofrida pelo Brasil em 100 anos de história. A mais parecida data do amadorismo, de 1920. Um último orgulho ainda está ameaçado, por uma gestão quase tão amadora, porque tem muito mais dinheiro, quando àquela de 20: o Brasil jamais deixou de participar de uma Copa do Mundo. Vem aí as eliminatórias para a Rússia e sim, o pior ainda está por vir.

 

Minas Gerais contra a Alemanha

Mais que uma convocação geral para o jogo desta terça-feira, quando a Seleção Brasileira vai precisar e muito da força das arquibancadas, o torcedor mineiro irá ver em campo um de seus maiores algozes: o futebol alemão.

Pode ser algum laço espiritual, um resquício inexplicado do Pangeia ou apenas o que é mais óbvio, uma grande coincidência. Mas os principais momentos do futebol mineiro foram contra alemães. E mesmo quando o encontro não ocorreu, foi a Alemanha quem comemorou.

Essa história começa em 1976. A Alemanha havia sido campeã do Mundo em 74 e o Bayern de Munique era a equipe mais vitoriosa da Europa. Tricampeão da Champions League, o Bayern iria encarar o Cruzeiro na decisão intercontinetal. 

Cruzeiro x Bayern: alemães no caminho dos mineiros

O time de Raul Plassmann, Nelinho, Piazza, Jairzinho e Palhinha venceu a Copa Libertadores e teria uma chance que o aargentino Independiente não tivera, de desbancar o time alemão. No ano anterior, o Bayern de Backenbauer, Sepp Maier, Rummennigge e Gerd Muller não quis disputar o torneio. Após vencer por 2 a 0 em Munique, o Bayern foi ao Mineirão, palco de Brasil e Alemanha neste 2014. E segurou um 0 a 0 para comemorar o título Mundial.

Levou tempo até que uma equipe mineira ganhasse nova chance de consagração mundial. Mas ela veio, em 1997, após uma campanha irrepreensível do mesmo Cruzeiro na Libertadores. Quis o destino, no entanto, que novamente o obstáculo final de um time de Minas para o título do Mundo fosse um alemão. Desta feita, o Borussia Dortmund. O time amarelo não tinha nenhum grande destaque. O principal nome era o suiço Chapuisat, além do volante brasileiro Julio César. O Cruzeiro venceu a Libertadores e chegaria até com um certo favoritismo, não fosse um erro histórico. No hiato entre uma decisão e outra, a diretoria celeste achou por bem reforçar a equipe apenas para a decisão do Mundial, agora disputada em jogo único no Japão. Chegaram o lateral-direito Alberto (que não jogou) e o zagueiro Gonçalves e o atacante Bebeto, que atuaram. O grupo titular, claro, não gostou. O time não rendeu e a derrota por 0 a 2 sepultou as chances mundiais da Raposa mais uma vez.

Em 2013 o Atlético Mineiro surpreendeu a todos e, no sufoco, ergueu seu troféu da Libertadores. Uma campanha memorável, marcada pelos jogos no Horto – o estádio Independência – e pelas defesas milagrosas de Victor, hoje goleiro reserva da Seleção. O time de Ronaldinho e Jô passou a pensar no Mundial de Clubes, já em novo formato, referendado pela Fifa e com mais jogos que na época do Cruzeiro.

E quis o destino mais uma vez que outro alemão estivesse no caminho mineiro. O Bayern de Munique, de Schweinsteiger, Toni Kroos, Thomas Muller e muitos outros que estarão em campo nesta terça, ergueu a Champions League e também iria ao Mundial. Novamente Minas Gerais iria jogar seu sonho Mundial contra a Alemanha – e contra um time que é a base da atual seleção alemã. Curiosamente, o Galo é o time brasileiro que mais empresta jogadores ao atual Brasil. Apenas dois dos 23, mas o que equivale a metade dos jogadores que atuam no futebol nacional.

O encontro contra o Bayern, porém, não aconteceu. O Atlético-MG acabou surpreendido pelo marroquinho Raja Casablanca nas semifinais do Mundial. Uma surpresa que impediu a revanche mineira, pelo menos até esta terça, quando a camisa amarelinha estará desfilando no Mineirão justamente contra os algozes dos sonhos mineiros.

Será que chegou a hora de Minas Gerais?