Números (ou: a gangorra do futebol)

Evandro: a 1a vitória só veio com um gol dele, na 10a rodada

Oito jogos. Um ponto, dois gols marcados, nenhuma vitória. “Série B” é a frase que circunda a cabeça de 11 entre dez atleticanos (e dos alegres rivais) nesse momento ao ver os números do Atlético.

O futebol não é necessário analisar mais. Passaram-se sete meses em 2011 e em nenhum momento a equipe, com qualquer um dos quatro técnicos até então, apresentou equilíbrio. Renato Gaúcho é o próximo a tentar, a partir de amanhã.

Mas, acredite, não é a primeira vez que o clube começou mal o Brasileiro na história (somando só 8 rodadas). O que, olhando apenas os números, pode dar alguma esperança ao torcedor. Em 2005, disputando em paralelo a Libertadores, o Furacão foi só fiasco nas primeiras rodadas do nacional. Olho nos números:

2005 – 22o. lugar – 0v / 2e / 6d / 4gp / 12gc
2011 – 20o. lugar – 0v/ 1e/ 7d / 2gp / 14gc

Naquele ano, a equipe só viria a conhecer vitória na semana da decisão da Libertadores, entre uma partida e outra, e justamente no clássico Atletiba: 1-0 na Arena, gol de Evandro, com o time reserva. Até então, a situação era muito parecida – e vou me fixar na classificação da 8a rodada daquele ano, na comparação com a atual:

2005                                                                                                           2011*

18o. Paysandu – 8pts                                                                              16o. Coritiba – 7pts
ZR —————-                                                                                     ZR —————-
19o. Brasiliense – 6pts                                                                            17o. Atlético-GO – 7pts
20o. Figueirense – 6pts                                                                          18o. América-MG – 5pts
21o. Atlético/MG – 5pts                                                                         19o. Avaí – 3pts
22o. Atlético – 2pts                                                                                 20o. Atlético – 1pts

*computados somente os jogos das 19h30 da 8a rodada

Duas coisas a se considerar: o Coritiba, atual 16o, jogará com o Figueirense em casa – e a tendência é vencer. Assim sendo, o time mais próximo da ZR será o Grêmio (parelho em número de jogos) ou o Atlético-MG (que perdia seu jogo enquanto eu redigia esse post), com 8 pontos; e o campeonato de 2005 tinha 22 equipes, ou seja, quatro rodadas a mais para se somar pontos.

Naquele ano o Atlético conseguiu nos então 34 jogos restantes (atualmente são 30) 18 vitórias, que, com 7 empates, lhe deram 61 pontos e o sexto lugar, a duas posições da Libertadores. Dos times que ocupavam a ZR na oitava rodada, apenas o Atlético-MG acabou rebaixado. Relembre a série dos oito jogos iniciais do Atlético naquele ano:

Atlético 0x1 Ponte Preta
Juventude 1×0 Atlético
Santos 2×1 Atlético
Atlético 1×2 Corinthians
Atlético 1×3 Internacional
Botafogo 2×0 Atlético
Atlético 0x0 Figueirense (*jogo realizado com portões fechados no Couto Pereira)
Flamengo 1×1 Atlético

Três derrotas e um empate em casa. Neste ano, são duas derrotas e um empate.

Dá pra escapar? Dá. São necessárias 15 vitórias em 30 jogos. A matemática permite. Mas, em campo, tem que mudar demais.

Um desce, outro sobe

Não, não é uma previsão; é uma constatação: quem vê o Paraná na Série B nesse ano não entende o que aconteceu no Estadual. É óbvio que a reformulação do elenco e a troca (até aqui mais que) acertada de técnico pesam muito. Mas a pulga que está na cabeça do torcedor tricolor é outra: dá pra se empolgar com esse time mais do que com o que liderou a Série B até mais ou menos essa época no ano passado?

Marcelo Toscano: sinceramente, você se lembrava dele?

Dá. O time liderado por Marcelo Toscano, que naufragou no pós-Copa por problemas financeiros, teve uma arrancada ótima, mas não tão poderosa, se compararmos os adversários, como a desse ano. Vamos aos jogos:
Paraná 3×0 Ipatinga
Ponte Preta 1×0 Paraná
Paraná 3×0 Santo André
Duque de Caxias 1×5 Paraná
Paraná 1×0 Vila Nova
Sport 1×0 Paraná
Paraná 2×1 Portuguesa
Icasa 3×0 Paraná *pós-Copa
Paraná 1×1 Guaratinguetá *pós-Copa

Em 9 jogos, 16pts, 5v / 1e / 3d / 15gp / 8gc; na atual campanha, também em 9 jogos: 17pts, 5v /2e /2d / 13 gp / 6gc

Qual a grande diferença então, para se confiar mais?

São os adversários. Em 2010, na reta em questão, o Paraná enfrentou equipes que acabaram na parte final da tabela e já começaram mal o campeonato. Casos dos rebaixados Ipatinga e Santo André e de Duque, Icasa, Ponte e Guaratinguetá, todos classificados abaixo do 10o lugar ao final da Série B; o Sport, que chegou perto do acesso (6o) era lanterna na ocasião.

Nesse ano, o Paraná já enfrentou duas equipes do atual G4 (Lusa, 1-1 e Americana, 0-1) e candidatos ao acesso, como Goiás (3-0), Náutico (1-1) e Vitória (0-1) e se manteve entre os primeiros. Conta ainda com a fase ruim de dois candidatos, Sport (que vai enfrentar) e Goiás. E tem aproveitamento bom fora de casa, com 2 vitórias e 1 empate em 5 jogos longe da Vila. O que também significa que se manteve entre os primeiros jogando mais partidas sem mando de campo.

São números apenas. De nada adiantam se outros números, os financeiros, não estiverem bem estudados também, como se viu em 2010.

Mas é a gangorra do futebol, tão submisso ao momento que se deve aproveitar muito bem os períodos de alta.