É bem verdade que os seguidos episódios de violência no país vizinho levaram a essa decisão. Apenas sócios do clube mandante podem assistir aos jogos nos estádios. Rapidamente, todos chiaram; os pequenos, porque perderão em arrecadação ao receberem os grandes; estes, por sua vez, por não ter suas fiéis e numerosas torcidas ao seu lado. Pelo menos é o que todos acharam.
“La mitad más uno”, como é conhecida a torcida do Boca Juniors, a maior da Argentina, deu um “rrreytigno” (favor pronunciar para melhor compreensão) de não abandonar a equipe em Córdoba, no jogo da última quarta (07/08) contra o Belgrano, pela 2a rodada do “Torneo Inicial”. Com o apoio da diretoria do Belgrano, foi criada uma modalidade de “sócios temporários”, com emissão de carteirinha e tudo mais. Exatos 5390 “novos sócios” se juntaram às fileiras do Belgrano nos dias das vendas dos ingressos, pagando, cada um, 70 pesos.
O volume foi tão acima do esperado que a Associação de Futebol Argentina, fingindo que nada sabia, teve que mudar o jogo de local. A partida saiu da casa do Belgrano, o Estádio Alberdi, com 28 mil lugares, para o Estádio Mário Kempes, para 57 mil pessoas. O público, não confirmado em borderô, foi de mais de 30 mil pessoas.
O Boca venceu o jogo de virada, 2-1. Sem espaço para vibrar, a cantarolante torcida xeneize teve de comemorar calada os dois gols, como você pode perceber nesse vídeo da TV Missiones:
Não há previsão de mudança na norma baixada pelo Governo Argentino. Lá, como cá, prefere-se tapar o Sol com a peneira e matar o cachorro ao invés de tratar as pulgas.
O maior clube da Argentina escolheu o CT do Atlético para sua pré-temporada. Perto do encerramento, com quase 15 dias de presença do Boca Juniors em Curitiba, faço um mea-culpa: acho que a imprensa local não deu a dimensão exata do que representa ter o clube de maior torcida e que dominou a América no início dos anos 2000 em Curitiba.
O Boca, para os argentinos, é mais que um clube. Não é exatamente o que é o Barcelona para os catalães, mas se aproxima muito. É la mitad más uno, como se diz por lá; mais da metade dos argentinos é Boca. Não é Flamengo ou Corinthians aqui; a proporção é maior.
O bairro de La Boca não é só a casa do time. É o local da origem do tango, outro orgulho argentino. E do povo. O Boca é povo, é orgulho argentino. E já atravessou fronteiras.
Hoje, o Jogo Aberto Paraná exibiu reportagem com uma paranaense apaixonada pelo Boca, que realizou o sonho de conhecer astros como Riquelme e Schiavi. Nascida no Paraná e sem nunca ter visitado a Argentina, Edna é Boca Juniors.
Sua história de amor pelo Boca passa pela presença do ex-presidente da Fifa, João Havelange e, claro, Diego Maradona. Assista:
Também me confesso boquense. Estive na Argentina em várias ocasiões, mas foi na primeira, em que conheci La Bombonera, que fiquei fã do Boca. Nada comparado a paixão da Edna, mas uma admiração que me faz até ter satélite para ver o Argentinão na TyC Sports ou na Fox Sports ao longo do ano. Mas sou cara-de-pau: além do Boca, torço por Racing e Huracán no país vizinho. Coração de mãe.
Bastidores da passagem do Boca
Além do sucesso na noite curitibana, relatado aqui pelo Zé Beto, os craques do Boca se impressionaram com a estrutura do CT atleticano. O diário Olé chegou a preparar um material especial sobre a pré-temporada brasileira do Boca (aqui, cara) coisa que vimos pouco na imprensa nacional.
Boca treina no Caju: Riquelme se impressionou (foto: Guilherme Linhares)
Riquelme, tido por muitos como arrogante, foi simpático com funcionários e torcedores que chegavam até ele no CT. Para os boquenses do Brasil, em especial de Curitiba, ficará a lembrança, como conta Guilherme Linhares, estudante de Relações Internacionais e filho do narrador do SporTV, Linhares Jr:
“Muito bacana ver um clube argentino de perto, ainda mais sendo o maior deles. Uma oportunidade única, que talvez só um time como o Atletico pode oferecer devido sua estrutura. Sentir o clima de uma equipe como o Boca nao tem preço para mim que sou apaixonado por futebol. Ter a chance de ver o craque Roman Riquelme e pegar seu autografo e algo dificil de se explicar.”
Resta esperar como será o desempenho do Boca no Apertura/11 pós CT do Caju. E descobrir porque o CT do Atlético não emplaca com o próprio.
Abaixo, segue tradução do texto para o espanhol:
El club más grande de Argentina eligió el CT de Atlético a su pre-temporada. Cerca del final, con casi 15 días en la presencia de Boca Juniors en Curitiba, hago un mea culpa: Yo creo que la prensa local no le dio la dimensión exacta de lo que significa tener el mayor club de fans, que dominó América a principios de los de 2000 acá en Curitiba. Boca, para los argentinos, es más que un club. No es exactamente lo que los catalanes de Barcelona, pero está muy cerca. Es La Mitad más Uno, como dicen por ahí, más de la mitad de la hnichada de Argentina. Flamengo y Corinthians no se acercan, la proporción es mayor. El barrio de La Boca no es sólo la casa del equipo. Es también el sitio de origen del tango, otro orgullo argentino. Y el pueblo. La Boca es el orgullo de la gente de Argentina. Que ha cruzado fronteras. Hoy, Jogo Aberto Paraná mostró una historia de amor con Boca, que hizo el sueño de Edna visitar las estrellas como Riquelme y Schiavi. Nacida en Paraná, sin nunca haber visitado Argentina, és hincha de Boca Juniors. Su historia de amor con Boca pasa a través de la presencia del ex presidente de la FIFA Joao Havelange y, por supuesto, Diego Maradona. (Video) También me confieso Boca. Yo estuve en Argentina en varias ocasiones, pero primero contacto con La Bombonera, me quedo de Boca. Nada comparado con la pasión de Edna, pero que me hace tener el satélite y ver a Clausura/Apertura en TyC Sports o Fox Sports durante todo el año. Pero estoy cara a acciones, más allá de la boca, alentando a Racing y Huracán en Argentina. Corazón de Madre. Backstage Pass Boca Además del éxito de la noche en Curitiba, informó aquí por Ze Beto, las estrellas de Boca hizo impresionado con la estructura de la CT de Atlético. El diario Olé preparó un material especial de Boca en Brasil antes de la temporada; lo hemos visto poco en la prensa brasileña. Riquelme, considerado por muchos como arrogante, era amable con el personal y los aficionados que acudían a él en el CT. Hinchas de Brasil, Curitiba, en particular, como se recordará, según lo contado por Guilherme Linhares, un estudiante de Relaciones Internacionales y el hijo del narrador de SporTV , Linhares Jr: “Muy bonito para ver de cerca un club argentino, aunque la mayor de ellas. Una oportunidad única, tal vez sólo un equipo como el Atlético puede ofrecer debido a su estructura. Sienta la atmósfera de un equipo como Boca no tiene precio para mí que Soy un apasionado del fútbol. Tener la oportunidad de ver el as Román Riquelme y obtener su autógrafo y algo difícil de explicar.” Sólo podemos esperar el desempeño de Boca en Apertura/11 despues del CT. Y averiguar por qué CT de Atlético no ayuda a suyos propios.