Keirrison e o Coritiba: o que há de concreto na volta do atacante

O diário El Confidencial, de Madrid, noticiou hoje que o Barcelona acertou o retorno de Keirrison ao Coritiba pelos próximos dois anos. A notícia, completa nesse link, não revela detalhes como quem irá pagar e quanto será o valor do salário do atacante; trata muito mais dos insucessos de Keirrison desde que saiu do Palmeiras e critica a postura do Barcelona – mas isso é problema de catalães e madrilenhos.

Em Curitiba, o Coxa nega a informação confirmada pelos espanhóis, mas apenas em partes. Segundo Ernesto Pedroso, vice-presidente do Coritiba, “Não há nada certo ainda.  Ele está em recuperação. É prematuro falar nisso. Mas não vamos por dinheiro agora. Devemos reconversar em um mês,” apontou, dando sinais de que K9 deve mesmo voltar a vestir a camisa alviverde. Em Manaus, entrevistado pelo repórter Gustavo Marques da CBN Curitiba, Felipe Ximenes, superintendente de futebol coxa-branca, também disse que nada está certo e que a conversa deve acontecer em julho. Ou seja: Keirrison tem chances de vestir a camisa do Coritiba novamente, mas isso depende de algumas coisas.

A primeira, segundo o que diz o jornal espanhol, parece certa: o Barcelona liberou e tem interesse que o jogador, no qual investiu muito dinheiro, se recupere no clube pelo qual mais se destacou. Amigos do jogador já me confidenciaram que ele aceitou as condições do Coritiba e que o que faltava era o sim do Barça. Outra coisa é a saúde de K9. O atacante foi operado na semana passada por Lúcio Ernlund, médico do Coxa, e está se recuperando no CT. A expectativa é de um mês para voltar a treinar com bola. Aí Keirrison, que capengou nos últimos tempos, terá que se adaptar à equipe e dar seus primeiros passos nessa possível volta.

Mas aí os assuntos se dividem. Que Keirrison voltar ao Coritiba é uma ótima pedida para ele e os empresários, não restam dúvidas. Keirrison é ídolo por aqui. Estará em casa, já que morou no Couto Pereira por muito tempo durante  o período da base e conhece cada canto do estádio. Não há lugar melhor para ele se recuperar senão o Coritiba.

E o clube? Qual Keirrison receberá? Vale a pena investir tempo e, ainda que menos que o programado, dinheiro para acreditar na recuperação? Se o K9 que retornar for o que começou a carreira, com certeza. Mas se for o Keirrison que teve boas oportunidades em Fiorentina, Santos e Cruzeiro e não se firmou, será um fracasso. O ataque do Coritiba sofre hoje com a lentidão de Marcel, que ainda não foi o mesmo de 2003. Seria Keirrison uma saída? Difícil dizer.

Vale apenas registrar que o gol abaixo foi o último de Keirrison: contra o São Paulo, em 5 de outubro do ano passado. O único em oito jogos pela Raposa:

Calendário 2012 será cruel com o Paraná

Hélio Cury, presidente da FPF, foi taxativo em entrevista hoje a tarde, já após o resultado do julgamento do Caso Rio Branco, que definiu que o Paraná Clube terá que disputar a Série Prata do Estadual em 2012: não há a menor chance de modificar o calendário para que o Tricolor não fique cinco meses sem futebol.

“Não. Nenhuma. Temos um calendário definido. Em detrimento a 10, 12 clubes, mudar por um? Qual clube tem elenco agora? Infelizmente é isso”, disse-me. A Série Prata tem início marcado para maio de 2012 e até lá o Paraná poderá disputar somente a Copa do Brasil, entrando pelo ranking da CBF (a vaga está praticamente garantida, faltando homologação). A Copa do Brasil terá a primeira rodada em 7 de março. A Série B nacional terá início em 19 de maio e, para garantir-se nela, o Paraná precisa ao menos empatar com o Bragantino, sábado, na Vila Capanema. Se perder e Icasa, Asa e (e não ou, tem de ser todos os resultados) São Caetano vencerem seus jogos, o clube estará rebaixado a Série C, que terá início em 27 de maio de 2012. Todos os envolvidos na luta contra a queda jogam em casa.

Ao falar com o presidente eleito do Paraná, Rubens Bohlen, encontrei-o em meio a uma reunião de realinhamento de estratégias para 2012. A mudança no calendário com a queda no Estadual afeta diretamente os planos. “Temos que nos refazer. Tínhamos um pensamento para o primeiro semestre, agora mudou”, me disse. Questionei se ele solicitaria a FPF um realinhamento no calendário: “Isso também está em pauta. Faz parte do que estamos discutindo, mas vamos tentar compatibilizar com a Federação”, declarou, antes de saber a postura de Hélio Cury.

Realmente, Cury não deve privilegiar qualquer membro em detrimento de outros. Mas em Estados vizinhos (SP e MG, por exemplo), as Federações adaptaram-se as necessidades de Guarani, Portuguesa e Ipatinga. Na maioria do País, as divisões estaduais correm em paralelo. No Pará, o Estadual começa antes, ainda no ano anterior, para os times menores e Remo e Paysandu entram no início do ano; no Maranhão, o estadual corre o ano todo. Cada Estado tenta se adequar a uma situação.

E o Paraná viu dois grandes locais, Londrina e Paraná Clube, amargarem descenso em campo recentemente. Cury contra argumentou: “Aqui não tem política. O que tem é desportividade. Não nos cabe opinião, tem que cumprir a lei. O Londrina jogou dois anos seguidos. Nós temos um campeonato dentro de um calendário da CBF. Temos de maio a agosto para a Série Prata e de agosto a dezembro para a terceirona. Não temos como mudar.”

Com o quadro atual, o calendário 2012 exigirá muita assertividade da diretoria paranista. É muito difícil montrar um time para atuar só a partir de março (contando a Copa do Brasil) e com datas fixas a partir de maio. E mais difícil ainda montar duas equipes, pois algumas datas da Série Prata e do nacional podem ser conflitantes. E tudo isso com pouco ou nenhum dinheiro.

No calendário paranista de 2012, pelo menos no aspecto estadual, muitas viagens e nenhuma atratividade. O campeonato não tem patrocínio, não tem cobertura da mídia local (e nessa a própria imprensa sofre: quantas rádios, TVs ou jornais conseguirão cobrir os jogos do Paraná?) e o clube só terá jogos a mais de 208km – a cidade mais próxima é Prudentópolis. Os adversários serão Junior Team e Cincão EC (Londrina, 387km) Nacional (Rolândia, 398km), Grêmio Metropolitano (Maringá, 438km), Serrano (Prudentópolis), Iguaçu (União da Vitória, 238km), Foz do Iguaçu (643km), FC Cascavel e Cascavel CR (503km). Um quadro cruel que o Londrina, como exemplo, só reverteu após uma parceria em que o clube foi entregue a SM Sports, investidora que bancou os custos.