O dia 23/12 passou a ser o Natal de todo atleticano a partir de 2001. Na última sexta, o Jogo Aberto Paraná exibiu um especial em duas partes dos 10 anos do título brasileiro do clube. Confira o especial, em duas partes:
Os bastidores da saída de Adilson Batista

Ninguém aprovou a maneira com a qual Geninho, após vencer um clássico sobre o Paraná (3-2), acabou demitido; mas era consenso entre dirigentes, imprensa e torcedores que o técnico campeão brasileiro não vinha dando um ritmo legal ao time e que a oportunidade batia à porta com a disponibilidade de Adilson Batista, técnico promissor, jovem, ex-jogador do Atlético e amigo de Valmor Zimmermann, então na direção de futebol.
Então Geninho saiu e Adilson veio. Mas esqueceram de falar com quem ele comandaria: os jogadores.
Conversei por vários minutos com duas pessoas que vivem como poucos o dia-a-dia atleticano. E ficou bem claro pra mim que a boleirada se doeu pela saída de Geninho.
O ex-técnico atleticano é mais vivido que Adilson Batista e está mais acostumado com a cabeça do grupo de jogadores. É bem verdade que o Atlético deu adeus ao Paranaense ao perder para o Operário em casa (0-2) sob o comando de Geninho; mas foi a única derrota dele no comando rubro-negro. Geninho falava a lingua dos jogadores. Deixou o clube com mais de 80% de aproveitamento. Os comandados não entenderam. Sentiram-se traídos junto com o técnico. E jogador não costuma perdoar isso.
Adilson tentou. Trouxe um, dois, três reforços, quis se fortalecer. Mas o grupo não respeitava o comando dele. E isso piorou com a saída de Zimmermann. Os jogadores sentem a falta de comando no grupo. Adilson cobrava, dizia publicamente que o grupo precisava de reforços – e é claro que quem ali estava não gostava de ser cobrado. Discurso diferente do de Geninho, muito mais no sentido de valorizar quem ali está.
Com Adilson o Atlético foi surrado pelo maior rival na Arena, no dia do título do Coritiba (0-3); caiu ante um Vasco que se mostrou competitivo, mas não era brilhante, sendo mal-escalado em casa. Muito pela questão de confiança do treinador, que foi ficando sozinho; no Brasileiro, seis jogos, um gol marcado, um ponto. A fritura chegou ao ponto. Mas a culpa não é de Adilson – ou só dele.
O Atlético tem jogadores rodados, caros e de categoria. Noves fora um ou dois que tem deficiência técnica, não se pode dizer que Paulo Baier, Branquinho, Guerrón, Kléberson e Madson não sabem jogar bola. Interessados, eles podem tirar o Atlético desse buraco – e para isso, precisarão vencer 15 jogos em 32.
A solução também passa pela escolha certa do comandante. Diego Aguirre, que pode ser confirmado nas próximas horas, fez miséria com um Peñarol renascido. Mas terá que se adaptar ao futebol brasileiro, à lingua e à máfia instalada no CT do Caju. Talvez precise de pulso firme da nova diretoria de futebol, que terá que obrigatoriamente que afastar alguns jogadores, para devolver o comando ao treinador. É o susto para lembrar quem manda.
Caso contrário, o azeite continuará fervendo. O Atlético seguirá triturando treinadores, jogadores e principalmente, o coração da torcida.