Tabela comentada e Guia da Segunda Divisão do Paranaense

Deu discussão, polêmica, disputa política, desistências no meio do caminho e tudo o mais, mas não teve jeito: a FPF confirmou a Segunda Divisão do Paranaense para maio e hoje soltou a tabela. É o caminho que o Paraná Clube terá que fazer para voltar à elite estadual. E prepare-se: as confusões seguirão. A tabela tem conflito de datas com a Série B nacional e o Tricolor já anunciou que deve recorrer, ao lado do Sindicato dos Atletas Profissionais, para não entrar em campo em menos de 66 horas quando as partidas tiverem até 150km de distância entre as sedes e 72h para as demais. Rolo né?

Outrora chamada de Série Prata (a mudança para Segunda Divisão aconteceu em 2009), a competição tem o regulamento parecido com o da primeira: turno e returno com campeões indo à final; se for o mesmo time, game over: é o campeão direto.

Mas o regulamento tem uma armadilha a mais: os campeões de cada turno terão a companhia do 3o e 4o colocados na soma dos turnos em uma semifinal olímpica: o 1o. pega o 4o. e o 2o enfrenta o 3o. A situação, digamos sui-generis, fez com que a última rodada do segundo turno do ano passado tivesse o seguinte quadro: se o Toledo perdesse para o Serrano na última rodada, estaria automaticamente classificado a primeira divisão; se ganhasse, precisaria disputar a semifinal.

O jogo deu empate enquanto o Londrina vencia o Foz por 3-1 e ficava com o título antecipado. Mas o Foz empatou em 3-3 e levou tudo para as semis. Aí Londrina e Toledo se garantiram na elite contra Nacional e Grêmio Metropolitano, que ganhou a vaga que seria do Foz na justiça.

Mas tá marcado e agora vamos dar um giro pelo Estado do Paraná, conhecer o vôo da Gralha:

01/05 – Paraná x Jr. Team – 1o turno
02 ou 03/06 – Jr. Team x Paraná – 2o turno

A primeira partida é em casa. O Tricolor recebe o Júnior Team na Vila Capanema. O Júnior Team Futebol é um antigo braço do Londrina: um grupo gestor passou a tocar a base do Tubarão e a nomeou de Londrina Jr. Team. O contrato foi desfeito e o clube seguiu sua vida, agora com categoria profissional. O Jr. Team manda seus jogos no Estádio do Café e pela estrutura, promete ser um dos mais difíceis adversários do Tricolor. Em 2011, foi o campeão da terceira divisão estadual.

05 ou 06/05 – Cascavel CR x Paraná – 1o turno
06 ou 07/06 – Paraná x Cascavel CR – 2o turno

Serão 503km até Cascavel para o segundo desafio: o Cascavel Clube Recreativo (cujo site não se atualiza desde 2010…) clube que foi rebaixado com o Paraná para a segundona local. Nos dois confrontos em 2011, duas vitórias paranistas: 2-0 na Vila e 2-1 em Cascavel. O Cascavel CR não é o mesmo que o FC Cascavel. O último pertence ao ex-lateral Belletti e desistiu de participar da competição. Os jogos da Cobra serão no Estádio Olímpico.

Em 1980 dois precursores das equipes dividiram o título do Estadual. Cascavel e Colorado decidiram o campeonato da primeira divisão, mas a partida acabou na confusão que a Gazeta do Povo relembrou nesse link.

09 ou 10/05 – Metropolitano x Paraná – 1o turno
09 ou 10/06 – Paraná x Metropolitano – 2o turno

Na terceira rodada de cada turno, o Paraná pega um dos Grêmios Maringá desse campeonato: o Metropolitano. Em 2011, o GMM ficou no quase no acesso. Mas em 2012 o clube, que não tem site oficial, já enfrenta problemas salariais, de acordo com o jornal O Diário. Pudera: se fazer futebol em Curitiba já é difícil com quatro clubes profissionais de (algum) porte, imagine em Maringá, com dois. Ao menos o Paraná jogará na mais paranaense cidade do norte, no estádio Willie Davids e em uma terra em que brotam belas mulheres e fica a 438km de Curitiba.

12 ou 13/05 – Paraná x Cincão EC – 1o turno
13 ou 14/06 – Cincão EC x Paraná – 2o turno

Mais uma partida contra uma equipe de Londrina: o Cincão Esporte Clube, clube fundado em 2010 e que já enfrentou o Valencia e o Levante, em um mini-torneio na Espanha, com times de base (o Santos esteve nessa também). O nome Cincão faz referência a região dos Cinco Conjuntos de Londrina, um bairro importante na capital do Café. O símbolo do clube tem alusão à bandeira da cidade, mas o clube tem mandado jogos em Rolândia, cidade vizinha. Pode incomodar.

16 ou 17/05 – Nacional x Paraná- 1o turno
16 ou 17/06 – Paraná x Nacional – 2o turno

Será o último jogo do Paraná antes da estreia na Série B nacional… contra o Nacional. O Nacional Atlético Clube é um dos mais tradicionais clubes do Estado (fundado em 1947) e que no ano passado quase conseguiu o acesso. Deve ser um dos postulantes a isto nessa temporada. Já venceu duas vezes a segundona local.

Um dos “pais” do Paraná, o Britânia, faz parte da história do NAC: o primeiro jogo oficial do time de Rolândia (398km de Curitiba) foi uma derrota por 6-0 para o clube que deu origem ao Colorado.

19 ou 20/05 – Paraná x Grecal – 1o turno
20 ou 21/06 – Grecal x Paraná – 2o turno

Prepare-se: a partir daqui, começarão os conflitos entre as tabelas da Série B e da 2a divisão local. A CBF programou a estréia da Série B para 19/05, um sábado. Portanto, todas as datas acima desta (mesmo as já citadas anteriormente) terão algum desencontro entre FPF e CBF. Como a Série B tem jogos terças, sextas e sábados, e é necessário um intervalo de 66h entre os jogos, será complicado precisar como e quando os jogos sairão.

Mas sairão. O Grecal (Grêmio Recreativo Esportivo Campo Largo) herdou a vaga do AGEX/Iguaçu e vai disputar o acesso pela primeira vez. E no segundo turno será a viagem mais curta: o Paraná visita o Grecal na capital da cerâmica, Campo Largo. São apenas 31km entre as cidades e quase não se vê estrada entre Curitiba e Campo Largo, com área praticamente urbanizada.

O estádio Atílio Gionédis não tem iluminação e é a casa do Grecal. O técnico do time de Campo Largo é Ricardo Pinto, ex-ídolo do Atlético e técnico que passou pelo Paraná na campanha desastrosa de 2011.

23 ou 24/05 – Grêmio Maringá x Paraná– 1o turno
23 ou 24/06 – Paraná x Grêmio Maringá – 2o turno

O Tricolor voltará a Maringá na 7a rodada do turno para pegar o time do folclórico Aurélio Almeida. O Grêmio de Esportes Maringá é o único time da segundona que tem títulos de primeira divisão, ao lado do Paraná: são três conquistas, todas há mais de 35 anos: 1962-63 e 1977. O Grêmio Maringá também foi o primeiro time paranaense a ser campeão brasileiro: em 1969 desbancou o Santos de Pelé no Torneio dos Campeões da CBD e seria o representante do País na Liberadores… se a CBD não desistisse de mandar times para a competição. Recentemente, na onda do reconhecimento dos títulos da Copa Brasil e Robertão, o GEM tentou também sua cartada, sem sucesso.

Mas esse passado é distante e o Grêmio só vai disputar a Segundona porque o FC Cascavel desistiu da disputa e abriu vaga ao time que estava na Terceirona. Aurélio Almeida não é bem visto entre os empresários da cidade e tenta manter o clube funcionando em uma nova empreitada, como já fez com Império do Futebol-Império Toledo e Real Brasil. Entre bazófias como trazer o Boca Juniors para um amistoso de pré-temporada e o passado glorioso o Grêmio, infelizmente, não deve disputar acesso.

26 ou 27/05 – Foz do Iguaçu x Paraná– 1o turno
27 ou 28/06 – Paraná x Foz do Iguaçu – 2o turno

A viagem mais longa: 643km para encarar o Foz, punido pelo TJD-PR no ano passado, no Estádio ABC. O Foz do Iguaçu Futebol Clube esteve a pique de subir para a elite, mas perdeu seis pontos pelo uso irregular do jogador Alisson. Com isso, não disputou as semifinais da Segundona 2011, mas deve vir forte para essa temporada.

30 ou 31/05 – Paraná x Serrano – 1o turno
30/06 ou 01/07 – Serrano x Paraná – 2o turno

Ufa! Com dois turnos espremidos em um mês cada, sem contar as possíveis transferências de datas em função da Série B, o Paraná encara o Serrano de Prudentópolis, 208km de Curitiba, a última rodada de cada fase. O Serrano Centro Sul-Esporte Clube não tem site oficial e tenta voltar ao rumo: em 2009 chegou a ser vice-campeão da Recopa Sul-Brasileira, perdendo a taça para o Joinville EC; mas no Estadual de 2010 perdeu a força e acabou rebaixado. Manda jogos no Estádio Newton Agibert, sem iluminação.

TJD mantém liminar e Couto não precisa ser alugado ao Atlético até julgamento

O Coritiba fez valer seu desejo e está desobrigado, via liminar, de alugar o Estádio Couto Pereira ao Atlético, ao menos para o primeiro jogo do Campeonato Paranaense 2012.

Isso porque o TJD-PR, através do presidente Peterson Morosko, manteve a liminar que o Coxa conseguiu, desobrigando-o a ceder o estádio através da interpretação do artigo 42 do Estatuto da FPF (como foi explicado aqui e aqui). Segundo Morosko, “a interpretação do artigo é dúbia. Você pode requisitar para um evento especial, por exemplo. Nesse caso poderia até se entender que é uma sublocação. Então mantive a liminar e vamos levar para o pleno.”

Morosko ainda disse que levou em consideração uma defesa da FPF de cinco páginas, assim como a justificativa do Coritiba, com laudos de um engenheiro agrônomo, de que o gramado recém-reformado poderia ser danificado com tantos jogos seguidos.

Agora, o caminho se divide:

1) Atlético x Londrina pode ser realizado em Ponta Grossa ou Paranaguá; a definição sairá em instantes, até às 16h de hoje (quinta, 19).

Mário Celso Petraglia, que não tem atendido os telefonemas, disse pelo Facebook que “o Atlético se licenciaria do campeonato antes de jogar fora de Curitiba”:

2) A disputa segue. O Coxa está desobrigado a ceder o Couto à FPF (e por tabela ao Atlético) até a próxima quinta-feira, quando deve ocorrer o julgamento. As partes serão intimadas, um relator será sorteado e a procuradoria irá atrás das provas. Independentemente da decisão do TJD-PR na próxima semana, as duas partes poderão recorrer. O Atlético só entra no processo como terceiro interessado.

Abrindo o Jogo – Coluna no Jornal Metro Curitiba de 18/01/12

Sucessão de erros

A dúvida sobre onde o Atlético irá jogar é um atestado de incompetência para a gestão do futebol paranaense. Sem exceções. A Copa 2014 é fato na Arena desde maio de 2007, quase 5 anos atrás. Deixou-se para pensar em um palco para o Atlético, que cede seu estádio ao evento da Fifa e da cidade, na última hora. Então, ao invés de os dirigentes sentarem e negociarem sobre como o Couto, que comporta o número de sócios do Atlético, poderia ser usado, buscou-se um recurso jurídico, tentando empurrar goela abaixo do Coxa a decisão. Se a intolerância pelo tema já existia do lado alviverde, aumentou. Com razão. Por outro lado, o Coritiba poderia ter tido menos resistência e, negociando um valor de R$ 100 mil/jogo (especulado nos bastidores), embolsado R$ 7 milhões em um ano e meio. É quase o valor das cotas de TV antes de 2011. Bastava que os caciques conversassem e entrassem menos na rivalidade das torcidas. Ao partir para a Vila Capanema, faltou previsão, já que o estádio ainda carece de laudos. E agora se fala em inversão de mando na primeira rodada, com o Londrina recebendo o Rubro-Negro, para só vir a Curitiba no segundo turno. Se em 5 anos não resolveu-se, haverá solução até lá?

Três lados da mesma história: Atlético

O Atlético tem suas razões ao buscar uma morada, embora seja senso público que o Furacão pinta como o vilão da história. Não é. Colabora com um evento que é da cidade e de um parceiro comercial dela, a Fifa. Não se nega os benefícios que o clube terá, mas também não se pode ignorar o ônus, desde a saída da Arena até a gestão da mesma no pós-Copa. Um estádio padrão Fifa para disputar campeonatos deficitários como o Paranaense não é barato. Buscou refúgio na FPF, mas não encontra solução. E quem vai sofrer? Os sócios: seguirão pagando e não sabem se terão como acompanhar o time. E torcedor apaixonado não vai ao Procon.

Três lados da mesma história: Coritiba

Dinheiro não é tudo e o Coritiba se sentiu ofendido com o rumo que a história tomou. Vilson Andrade não é homem de duas palavras; assumiu, anteriormente, que poderia conversar e negociar no caso, mesmo a contragosto da torcida. O Coxa poderia embolsar um alto valor, valorizar espaços publicitários e movimentar bares e lanchonetes. Mas a imposição via FPF pegou mal. Ninguém aceita esse tipo de decisão goela abaixo. Nesse mesmo Jornal Metro, Vilson disse que não cederia mais. O Coxa se sentiu ferido e buscou seus direitos – terá que seguir buscando, pois está sob liminar. Como a FPF tomou frente no caso, uma conversa com o Atlético poderia acertar tudo. Mas ficou distante. E, convenhamos, não é problema do Coritiba.

Três lados da mesma história: Paraná

O Paraná sempre se colocou a disposição. Está com o estádio parado por três meses – pior: o clube só tem competições após o mesmo período – e um dinheiro faria bem. Foi procurado, ouviu uma proposta e fez outra. Age certo. Negociar é assim: tem que ser bom para ambos. E o que vale para os acima, vale para o Tricolor.

E o futebol?
Dentro de quatro dias, a bola rola. Mas pouco se vê ou sabe dos times, dos artistas que movimentam essa paixão. O noticiário está preso à burocracia. É fácil imaginar o ano de 2012 para o Trio, salvo mudança: o reflexo do que se vê fora de campo aparece no gramado. Me cobrem em dezembro, após o Brasileirão.

*Os tópicos da coluna de hoje são uma referência a máxima de que uma história sempre tem três lados: o seu, o meu e o verdadeiro. E também ao ótimo disco Three Sides of Every Story, do Extreme. Abaixo, uma faixa dividida em três, que dá título ao disco:

Tabela comentada do Paranaense 2012

Saiu hoje, após a confirmação da permanência do Rio Branco na Série Ouro, a tabela do Paranaense 2012. Segue Abaixo, comentada:

1o. TURNO

1 – Atlético faz dois jogos seguidos contra os times mais tradicionais do interior;
2 – Londrina reestréia na Elite fora de casa;
3 – Coritiba, atual bicampeão, viaja jogar contra o vice da B na primeira rodada;
4 – Corinthians-PR faz 3 jogos seguidos em Curitiba;
5 – Coritiba faz 2 jogos seguidos em Curitiba; Atlético, 2 fora;
6 – Se estivesse na elite, por substituição ao Rio Branco, Paraná faria primeiro clássico do campeonato contra o Atlético, na 3a. rodada

7 – A 5a rodada coloca o Londrina frente ao Iraty, ou, no caso, o ex-clube dirigido de Sérgio Malucelli contra o atual;
8 – Coritiba reencontra Arapongas na 5a rodada, último time que não perdeu para o Coxa em Estaduais desde as 24 vitórias do Guinness;
9 – Toledo e Londrina repetem a final da Série Prata 2011 na 7a rodada;

10 – Operário e Londrina fazem o grande clássico do interior no Paranaense 2012;
11 – Antes do Atletiba, Atlético vai a Arapongas e Coxa recebe Operário;
12 – Atletiba na 10a. rodada, uma antes da final do primeiro turno, com mando atleticano. Possivelmente no Couto e na quarta-feira de cinzas;
13 – Operário, melhor do interior em 2011, encerra turno com 3 jogos no Sul do Estado.

A tabela segue espelhada no 2o. Turno:

O regulamento segue o mesmo: o campeão do primeiro turno enfrenta o campeão do segundo, em uma final sem vantagem para nenhum time em dois jogos – a não ser o fato de o time de melhor campanha jogar a segunda partida em casa. Se um mesmo time for campeão dos dois turnos, leva o campeonato antecipadamente. As duas piores equipes na soma geral são rebaixadas a Série Prata.

Interior de olho no Paranaense/2012

Fantasma e Tubarão: duas forças do interior para 2012

por Benério Divino *
beneriodivino@yahoo.com.br

Está marcado. No dia 4 de novembro se dará o pontapé inicial do Campeonato Paranaense 2012…nos bastidores. Nesta data se realiza o arbitral do torneio nas dependências da Federação Paranaense de Futebol, na Vitor Ferreira do Amaral, na acolhedora capital Curitiba. Mas o que esperar ? Por enquanto, nada… além de boas histórias.
O arbitral deve definir apenas valores e taxas, no máximo as datas, já que no quesito fórmula de disputa prevalece o mesmo que foi acertado para este ano. No encontro, o que vale mesmo é a presença dos digníssimos dirigentes interioranos, que aproveitam desses arbitrais também para expor aos oponentes suas cartas na manga e tramar o que pode ser feito para tentar derrubar o predomínio do futebol da capital.
As EPDS estão em fase de montagem de seus elencos, pouca gente foi de fato contratada e o que existe são muitas especulações. Tudo na base de muita cautela, pra evitar que um nome anunciado em determinada equipe apareça dias depois com o contrato assinado no rival da cidade vizinha.
De novidade, o retorno do Londrina, o novo rico, campeão da segundona. Além da expectativa pelo anúncio de parcerias como Galatasaray da Turquia e Lanus da Argentina, o Tubarão agora gerido por Sergio Malucelli deve manter a base que triunfou no acesso, mesclada com medalhões. Fabiano, ex-volante do São Paulo e do Santos, e Cristian, ex-centro-avante do Internacional de Porto Alegre, são alguns dos nomes ventilados.
No Operário, aguarda-se um time de investimentos mais modestos que no ano atual, que culminou na bela terceira posição geral.
O Fantasma passa por mudanças de grupo gestor  e o presidente Carlos Iurk vem tentando encontrar uma saída para manter o belo desempenho de 2011.
Já o Arapongas, que tenta se projetar montando escritório na Suiça, aposta na chegada do gaúcho Ronaldo Bagé, o treinador que compete com Itamar Bernardes o título de treinador mais linha dura do futebol estadual na atualidade. Barbaridade, tchê. Dos demais, ainda não se há notícia alguma. Teremos de esperar pelo arbitral.
* Benério Divino é jornalista de Arapongas e colaborou com o blog.

Que beleza de camisa! #8: Londrina

"Ôoooo... o Tubarão voltôoo, o Tubarão voltôooo-ô!"

Terça-feira e o blog mantém a tradição: é dia de Que beleza de camisa! E o clube homenageado de hoje não poderia ser outro que não o Londrina, potência do norte do Paraná, que no último domingo recuperou em campo seu espaço entre os maiores clubes do Estado. Como estamos falando do Tubarão, dose dupla de beldades nas fotos: a @carolboadebola usa o modelo de 2009, último usado na elite, e a @kellypedrita usa o modelo de 2001, ano em que o Tubarão aplicou a maior goleada da Série B: 7-0 na Desportiva-ES.

Que beleza de camisa!

#8 Londrina Esporte Clube

Quem é? Um dos grandes do futebol paranaense, fundado em 05 de abril de 1956.

Já ganhou o que? Campeão Brasileiro da Série B (198o), 3x Campeão Paranaense (1962, 1981 e 1992) e 3x Campeão do Norte Paranaense (1957, 59 e 62).

Grande ídolo: Indiscutívelmente, o maior ídolo do Londrina em todos os tempos é o atacante Carlos Alberto Garcia, que defendeu o Tubarão na década de 70 e meados de 80, quando voltou ao Tubarão, após rápidas passagens por Vasco e Grêmio Maringá, e conquistou o Paranaense de 1981. O grande momento de Garcia com a camisa alviceleste foi em 1977, na campanha do 3o. lugar no Brasileiro daquele ano – a melhor entre os paranaenses até então. O time superou Corinthians-SP, Flamengo, Santos e Vasco e só parou no Atlético-MG de Reinaldo, que seria vice-campeão invicto. Nos anos 2000, Garcia foi presidente do LEC.

Apelidos: Tubarão, LEC.

Como anda? Acaba de retornar a elite do futebol paranaense, após dois anos disputando a Série Prata. É dirigido por Sérgio Malucelli, irmão do presidente do Atlético, Marcos Malucelli, primo do ex-presidente do Coritiba, Joel Malucelli, e ex-gestor do Iraty. Disputará em 15 dias o título da Série Prata, ou contra Toledo, ou contra o eterno rival, Grêmio Maringá. A promessa, no entanto, é a disputa do título estadual da elite, ganho pela última vez há 18 anos, segundo matéria do site LECMania. No link abaixo, você vê o gol que deu o acesso ao Londrina, na vitória contra o Nacional:

Curiosidades: Foi fundado a partir da criação do Nacional Atlético Clube, de Rolândia, cidade vizinha (curiosamente, o mesmo time com quem disputou o acesso este ano). A idéia dos irmãos Andrade (Luciano e Luiz) e de um grupo de 12 pessoas resultou no Londrina Futebol Clube, que logo se tornaria Londrina Futebol e Regatas; em 1969 juntou-se ao outro time da cidade, o Paraná Esporte Clube, anexando-o e adotando o nome Londrina Esporte Clube. Mas a melhor história está fora das quatro linhas, descrita no livro “Londrina Esporte Clube: 40 anos”, de J. Mateus, e reescrita por mim abaixo:

Em 1957, Londrina e Mandaguari disputaram o 1o. campeonato do norte, que disputava um campeonato diferente do Paranaense da chave sul – eram dois os campeões estaduais até 1959, quando os dois campeões passaram a se enfrentar. O jogo, em Mandaguari, foi disputado em um estádio acanhado, onde se cabia uma equipe de rádio. Houve um sorteio entre as rádios Londrina e Paiquerê – e deu Londrina, que mandou o narrador Augusto Reis para a cidade próxima de Maringá.

A Rádio Paiquerê, no entanto, tinha maior audiência e não iria ficar fora dessa. Decidiu-se que o narrador Willy Gonser iria “dublar” a narração, ou seja: ouviria o que Reis narraria e então repetiria no seu microfone.

O Londrina precisava da vitória para ser campeão. E vencia por 1 a 0 quando, aos 44 do segundo tempo, o juiz apitou pênalti para o Mandaguari. Os corações em Londrina palpitaram: era Felix Lescaño, craque do time rival, quem iria para a cobrança.

Willy Gonser escutava atentamente a descrição do momento feita por Augusto Reis. Mas uma tempestade em Londrina mudou os planos do narrador. A energia elétrica da região onde estava sediada a Rádio Londrina caiu – e todos os ouvintes passaram a ouvir a Paiquerê. Gonzer enrolou, descreveu confusão no gramado, fez o que pôde para ver se a luz da rádio concorrente voltava. Mas não tinha jeito. E já tinham se passado alguns minutos. Gonser decidiu “bater” o pênalti. E o fez:

– Correu pra bola Felix… bateu… GOOOOOOOOL… do Mandaguari…

Tristeza em Londrina.

O jogo acabou ali e o LEC era vice-campeão. Mas…

Eu e Willy Gonser, antes de Coritiba x Atlético-MG em 09 no Couto Pereira

…Lescaño, sem seguir a recomendação de Gonser, bateu para fora. O Londrina garantiu a vitória por 1-0 e ficou com o título do primeiro campeonato do Norte! Na madrugada, ao chegar de ônibus, a delegação alviceleste, embriagada de alegria, se decepcionou: nenhuma alma estava ali para comemorar o título. Ao contrário: muitos só acreditaram na conquista ao ver a taça!

Gonzer se mudou para BH e se tornou um dos maiores narradores esportivos do País.

O Londrina e o futebol paranaense: Time de grande tradição, três vezes campeão estadual, terceiro colocado entre os paranaenses no ranking da loteria “Timemania”, em que se aposta no clube do coração, coube ao Londrina o primeiro destaque do Estado no Brasileirão, desde que ele é assim conhecido (1971). Foi em 1977, quando chegou as semifinais após vencer o Vasco em São Januário, no jogo que é recorde de público do estádio (40.209 pessoas). Os gols estão nesse vídeo:

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Os midiáticos

O futebol paranaense recebe Renato Gaúcho. Figurinha carimbada no Rio, Renato vai conhecer agora Curitiba. Mas não será o primeiro técnico badalado a dirigir um clube paranaense.


Renato no Chacrinha: badalação é com ele mesmo

Vamos relembrar o Top 5 dos técnicos mais badalados que já passaram pela terrinha:

#5 – Mano Menezes

Mano Menezes já comeu pierogi em Irati

O atual técnico da Seleção abre a lista dos badalados embora não fosse técnico de ponta quando dirigiu o Iraty. Foi em 2003, quando o Azulão disputou a Série C do Brasileiro, como relembra esta matéria do Paraná OnLine. Pelo time paranaense, quatro derrotas, um empate e uma vitória. Mano deixou o Iraty sem deixar saudades nos torcedores do Azulão – ao menos pelos resultados em campo, porque, reza a lenda, era rei do churrasco. Do Iraty foi para o Guarany de Venâncio Aires e perambulou pelo interior gaúcho até chegar ao Grêmio, depois de destacar-se no Caxias. Da Batalha dos Aflitos à Seleção Brasileira, a história é conhecida.

#4 – Joel Santana

From the middle, to behind. Na tabela.

Outra figuraça nacional que passou por aqui, no Coritiba. Simpático e bem humorado, o carioca Joel Santana, rei do Rio e da Bahia, naufragou no Coxa. Chegou no Brasileirão 2001, para ajudar o time a sair das últimas posições. Acabou em um 17o lugar entre 28 equipes, em um ano tumultuado no Alto da Glória muito mais em função da conquista atleticana. E como tudo era problema, a prancheta de Joel não agradou. O técnico foi se desgastando, se manteve para o Paranaense e a Sul-Minas, mas uma goleada por 1-6 para o Paraná encerrou a passagem dele por aqui, sob os gritos de “Fica, Joel”. Por parte dos tricolores, é claro. Joel seguiu a vida, voltou a ganhar títulos no Rio e fazer bons trabalhos. Mas passou a ser um dos midiáticos após a passagem pela Seleção da África do Sul, com impecáveis entrevistas em inglês:

#3 – Felipão

"O Couto Pereira não me dá sorte..."

Felipão chegou ao Coxa em 1990, com o clube amargando a crise do rebaixamento na caneta em 1989, por ter levado WO contra o Santos, mesmo amparado por uma liminar. Ele ainda não era O Felipão – só viria a ser a partir do ano seguinte, quando conquistou a Copa do Brasil com o Criciúma. Dirigindo um time que tinha grandes nomes no papel, como o goleiro Mazaropi, os meias Norberto, Bonamigo e Tostão e os avantes Cuca, Chicão e Pachequinho, Felipão levou ferro do Juventude em Caxias (0-2), do Joinville em Santa Catarina (0-4) e de novo do Juventude, agora no Couto: 0-2. Ao final da partida contra o time de Caxias, sua terra de residência, aproveitou o embalo e voltou para o Sul de carona no ônibus do Ju. Felipão viria a superar com maestria sua péssima campanha no Coxa (que renderia uma Série C não fosse uma nova virada de mesa da CBF) ao conquistar Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil e a Copa do Mundo com a Seleção. Mas depois do último encontro dele com o Couto Pereira, deve ter coceiras ao ouvir o nome do estádio.

#2 – Wanderlei Luxemburgo

Luxa acabou largando o "pojeto" na metade

Cinco vitórias, cinco empates, cinco derrotas. Mais regular, impossível. Esse foi Wanderley Luxemburgo no Paraná Clube, em 1995, a contratação de treinador mais badalada da história do futebol paranaense (até a #1, logo abaixo, chegar). Luxa causou alvoroço na mídia local. Chamou a atenção do Brasil para o Paraná Clube, então único representante do Estado na Série A. Começou bem, no Brasileiro, com um time que tinha Régis, Paulo Miranda, Ricardinho e outros, e estava no meio do trajeto do Penta estadual. Mas começou a cair e via se aproximar nova demissão – havia saído do Flamengo após o Estadual, quando perdeu o título para o Fluminense de Renato Gaúcho no ano do centenário, com o famoso gol de barriga. Luxa foi salvo por uma proposta do Palmeiras, para montar o timaço da Parmalat que detinha o recorde nacional de vitórias seguidas até esse ano, quando foi superado pelo Coxa. Veja mais de Luxa no Tricolor no vídeo abaixo, da Globo.com:

#1 – Lothar Matthaus

O Alemão e a polêmica foto de US$ 1 milhão

Ninguém causou mais impacto no futebol paranaense que o Atlético ao trazer o capitão do tricampeonato da Alemanha, Lothar Matthaus, para o comando técnico. O alvoroço foi mundial. Nem Matthaus era um treinador tão conhecido (embora, como jogador, fosse um Zico alemão, só atrás do Pelé Beckenbauer), nem o Atlético ou algum paranaense havia sido tão midiático. Matthaus causou alvoroço na chegada, na passagem e na saída. Havia quem duvidasse do rendimento daquela equipe, em 2006, quando ele chegou. Passado o susto, vieram os métodos de treinamento europeus e as entrevistas com tradutor. O time até rendeu: seis vitórias e dois empates, entre Paranaense e Copa do Brasil, nos dois meses por aqui. Mas a foto ao lado – e supostas aventuras extra-conjugais – tiraram o Alemão do Furacão. Se houve affair ou não, não se sabe (ou se comenta); o que é fato é que a então esposa de Matthaus, Marijana (a 3a das 4) exigiu a volta dele, sob pena de um contrato de US$ 1 milhão ser executado no divórcio. Matthaus deixou um carro top de linha da Wolksvagem, quase zero kilômetro, com as chaves no contato no Aeroporto Afonso Pena; e uma conta de celular de mais de R$ 3 mil. Anos mais tarde, disse ter se arrependido de deixar o comando atleticano intempestivamente.

Menção honrosa

Todos os técnicos acima são midiáticos, de grande exposição na imprensa nacional/mundial. Nenhum, no entanto, fez o caminho inverso. A exceção é Nuno Leal Maia, técnico do Londrina em 1995. Melhor que a história, é apresentar um grande momento dele como ator – função que, convenhamos, ele vai muito melhor:

Perto, mas longe

O Londrina venceu com um pé nas costas o primeiro turno da segundona estadual (muito embora tenha perdido o Clássico do Café para o Grêmio Maringá, 2-3) e poderia já estar de volta a elite estadual não fosse o regulamento. Uma pérola, como sempre, mas justiça seja feita, aprovado por todos.

A campanha com seis vitórias, dois empates e uma derrota pode não servir para nada. Em compensação, se vencer o segundo turno, será campeão antecipado. Do 8 pro 80. Explico: o campeão do turno terá de enfrentar um quadrangular com o campeão do 2 turno e os outros dois melhores da segundona local; ou seja, os campeões de turno podem nem subir. Mas, se vencer também o segundo turno, o Londrina será declarado campeão e levará consigo o próximo time de melhor pontuação geral (hoje, o Toledo) consigo no acesso.

Na verdade, o que vale mesmo para o Tubarão hoje é o resgate da sua camisa. O público de quase 7 mil pessoas no Café no jogo ilustrado acima (1-1 Foz) mostra o potencial de um clube que tem história e apelo popular. Tricampeão estadual, campeão brasileiro da Série B, o Londrina pode servir de exemplo para o Paraná Clube, que até segunda ordem, vai disputar o acesso em 2012. Pelo menos dentro de campo.

Fora dele ainda é cedo para dizer se o grupo que hoje toca o Tubarão vai querer só os lucros ou pensará um pouco na herança a ser deixada na cidade.

* As imagens acima estão a disposição no site LEC Mania, um dos melhores para se acompanhar o Tubarão.