Exclusivo – Vilson Ribeiro diz: “Jogador do Coritiba não sai para o futebol brasileiro” (parte II)

Seguindo a série exclusiva com o vice-presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, o blog apresenta a parte 2 de 3 vídeos, gravados na concentração do Coxa pouco antes da vitória sobre o Figueirense (3-0) na última quinta, 07/07.

Nesse trecho, Vilson fala sobre ética e o assédio de outros clubes aos jogadores e técnico do Coritiba. Desmistifica ainda a parceria com a LA Sports. E defende Ariel no caso que o liberou do Coritiba.

Durante a entrevista, algo chamou a atenção: o carinho de todo o grupo de jogadores com o dirigente, que se recupera do tratamento de um câncer no intestino. Vilson ainda tem tempo para atender dois torcedores. Assista:

Se você não assistiu ao primeiro vídeo da série, clique aqui.

No proximo vídeo da série, o dirigente coritibano falará das finanças do Coxa, Clube dos 13 e ainda sobre a decisão da Copa do Brasil: “O Marcelo [Oliveira, técnico do Coritiba] fez o que tinha que ser feito.” Fique ligado!

Coritiba legal

Camisão: que tal licenciar? (Foto: blog do Luiz @nuncaabandona)

Já disse em um post anterior: entendo a função das torcidas organizadas. Animam o estádio com cantos (exceção aos apológicos a drogas ou violência), atraem novos torcedores, em especial os jovens. Mas o bônus parece muito pequeno em função do ônus acarretado pela ação de gente ligada a elas.

Você está cansado de saber do que eu estou falando, por isso não vou voltar a temas como Couto/09, Pacaembu/95, etc, etc. Quero me ater a nota publicada pelo site oficial do Coritiba hoje, sobre o projeto Torcida Legal.

Poucas vezes um clube foi tão preciso no combate aos problemas das organizadas como vem sendo o Coxa. Não é o pioneiro – o Atlético de Mário Petráglia comprou essa briga lá atrás – mas Vilson Andrade tem conduzido com discrição e categoria o tema.

Diz a nota (entre outros pontos):

“(o projeto) “Torcida Legal” tem o objetivo de cadastrar todos os torcedores, em âmbito nacional, nos principais estádios, mediante a implantação de um banco de dados centralizado. (…) Esta é uma excelente e oportuna iniciativa do Ministério, porque vai dar maior proteção e segurança a todos os torcedores brasileiros. Por acreditar nestes objetivos, o Coritiba nunca deixou de apoiá-la e aguarda a sua implementação no Couto Pereira.

O Coritiba recebeu a informação de que, numa ação conjunta do Ministério do Esporte e do Ministério Pública do Paraná, seriam realizados cadastramentos das torcidas organizadas dos clubes da capital. O Coritiba é favorável ao projeto do cadastramento global de todos os torcedores e não de segmentos ou facções em separado, porque possui a diretriz de impedir o acesso em seu estádio das organizadas, por motivos amplamente conhecidos. É preciso esclarecer, também, que, mesmo após o cadastramento de todos os torcedores, conforme previsto no projeto, o clube continuará a não permitir o ingresso das organizadas com seus adereços.

Esta postura, além de ter sido adotada para preservar a integridade e a segurança de todos seus torcedores, visa a proteger os direitos dos patrocinadores do clube, parceiros comerciais e combater  produtos piratas e o uso ilegal da imagem do clube.

O Coritiba considera que TORCEDORES são seus sócios e todas as pessoas que ostentam as cores, símbolos e a tradição Alviverde com respeito, amor e honra.

Por trás destas linhas, além da violência – que por ora parece contida, mas volta e meia surge em forma de ameaça – está a preocupação comercial. Em uma época em que Corinthians e Flamengo ganham horrores de dinheiro a mais que o próprio Coxa, entre outros, ter um concorrente desleal dentro das próprias trincheiras é dispensável. Para o torcedor mais humilde, o símbolo da Império equivale ao do Coritiba – a um custo mais baixo que a camisa oficial. Pirataria até então legalizada.

Vale lembrar que a organizada NÃO está proibida de assistir os jogos no Couto Pereira: o que ela não pode é ostentar a marca. Exibir sua paixão pelo Coritiba é permitido; fazer propaganda da marca, não.

Luiz Fernando Corrêa, o Papagaio, presidente da facção, é um sujeito acessível. Não parece violento, aparenta calma e é sempre receptivo. Já me mostrou boas idéias no combate a violência. Acha que é mais fácil controlar a violência com a existência das TOs, mas reconhece que segurar uma multidão é impossível. Daí o projeto de cadastramento, o qual colaborou muito. Mas ele sabe que a discussão central deixou de ser essa há tempos.

O Coritiba de Andrade age com correção. A nota mostra a real motivação do veto à TO e avisa aos demais torcedores o porquê. A fase no campo e a postura mais pacata fazem a reverberação ser menor do que foi anos atrás na Baixada.

Cada um sabe qual lado escolher. O Coritiba, se pode ter desagradado alguém pelos mais diversos motivos nessa, ao menos foi legal ao deixar claros os pingos nos is.

Entenda a engenharia por ‘Morro’ García

http://www.youtube.com/watch?v=vg8nkLeBxjA

Santiago García, uruguaio de 20 anos, é a contratação mais cara da história do futebol paranaense. Ele, que no vídeo acima se apresenta a torcida atleticana, custou US$ 2 milhões por 50% dos seus direitos, em contrato de 3 anos. Mas essa não foi a grande sacada do Atlético na negociação.

A experiência do Coritiba com Ariel Nahuelpan, liberado por força da lei trabalhista no segundo ano de contrato, ainda que houvesse um documento esticando o vínculo para 5 anos, fez o mercado, e em especial o Atlético, aprender.

O que o Furacão tem hoje com Morro García e o Nacional-URU é um empréstimo com preferência de compra. Assim, o vínculo principal segue no Uruguai, com os direitos atleticanos assegurados, me confirmou Alfredo Ibiapina, ontem, por telefone.

O vinculo trabalhista de no máximo 2 anos, que pode ser renovado, vale menos que o registro Fifa que segue com o Nacional, agora sócio do Atlético no negócio. Trocando em miúdos, caso Morro deseje seguir o caminho de Ariel e romper com base na lei brasileira, não poderá; segue ligado ao clube uruguaio, que o emprestou ao Furacão.

Caso o jogador seja vendido durante o tempo de contrato, o Atlético tem a preferência de recebimento da sua fatia; se ninguém se interessar por García, o clube poderá adquiri-lo em definitivo, após os 3 anos, por mais US$ 2,5 milhões.

Dez anos em dois

Foto: assessoria Coritiba
Vilson em pele de JK

Vilson Ribeiro de Andrade vai construindo seu espaço entre os maiores dirigentes do futebol paranaense. A entrevista dada hoje à Rádio Banda B traz muita coisa interessante, mas resolvi destacar uma, que trata da revolução iniciada no Coritiba a partir de dezembro de 2009.

Todos já sabem o roteiro: Coritiba quebrado, rebaixado, etc, etc, e, há menos de um mês, finalista da Copa do Brasil. Só por isso, ainda que o futebol seja pródigo em arrumar heróis dentro de campo mesmo com estrutura zero, Vilson já merecia espaço.

Mas foi no almoço de apresentação do hoje técnico Marcelo Oliveira, em novembro de 2010, que Vilson deu pinta que ia tentar ir além da montagem de um grande time. Prometeu, e parece estar no caminho de cumprir, um grande clube.

A entrevista acima citada traz dois raciocínios, a destacar:

“O Coritiba fez um trabalho e unificou todas as áreas. Então hoje fazemos um trabalho desde o dente de leite até a chegada ao profissional. Nossa ideia é ter no profissional sempre 30 ou 40% de atletas da base. (…)  Até 2007, o Brasil aproveitava apenas 4,8% dos meninos da base e o restante se perde. O clube que mais vende meninos é o Cruzeiro e em segundo o Atlético, na gestão do Atlético. O Atlético vive um bom momento financeiro devido ao dinheiro arrecadado desses meninos. O Coritiba nos últimos cinco anos não vendeu um menino sequer e estamos montando esta estrutura agora”

[sobre o novo CT] Estamos na fase final do negócio, é uma área de 18 alqueires. (…) um investimento de cerca de R$ 50 milhões. Já temos um investidor pra isso e eu ainda não tinha falado disso, porque ainda não assinamos a escritura, que está na fase final. (…) Se tudo der certo, em um ano estamos com o novo CT. Nós podemos colocar lá dez campos, um ginásio coberto, dependências para trazer 120 crianças do Qatar para treinarem aqui. Esse é um projeto em parceria com o governo do Qatar. (…)”

As duas declarações beiram o óbvio de tão geniais: com investimento na base e em estrutura, o Coxa poderá lucrar e se fortalecer. Nada simples, mas um caminho para um clube que não tem o apelo mercadológico de um São Paulo, Flamengo ou Corinthians, mas é obrigado a competir em igualdade com eles.

As opções de Vilson, ao lembrarmos da já histórica declaração do presidente atleticano Marcos Malucelli (“Estamos 10 anos a frente deles”) me remetem a Juscelino Kubistchek, que prometeu 50 anos em 5.