Nota de repúdio

Eu, Napoleão de Almeida, jornalista e publicitário pós-graduado em gestão e comunicação esportiva, mantenedor deste nem tão nobre espaço, aproveito a onda de notas oficiais de repúdio entre os clubes paranaenses para manifestar meu repúdio a algumas questões acerca dos últimos acontecimentos:

– Um assunto tão sério quanto a realização da Copa do Mundo no Brasil esteja sendo tratado de forma tão amadora pelos dirigentes responsáveis na cidade de Curitiba, com um sem número de festival de erros cometidos desde 2007;

– A falta de diálogo entre as partes em busca de um denominador comum, a rivalidade besta e pequena que faz com que nossos clubes se apequenem enquanto o futebol de regiões como Santa Catarina, Bahia e Pernambuco se fortalecem e o conhecido quarteto SP-RJ-MG-RS segue na vanguarda;

– A falta de informações claras sobre temas relevantes como: origem e método de pagamento do financiamento da Arena e também o método e valores das desapropriações no entorno do estádio;

– A demora nas obras do mesmo estádio já citado, em obras para o Mundial;

– O método utilizado na requisição do Estádio Major Antônio Couto Pereira por parte do Atlético, via Federação e por caminhos judiciais;

– A resistência, em especial da torcida do Coritiba, em ver o clube alugando o estádio (mesmo antes da intervenção jurídica) a um rival que poderia lhe trazer rentabilidade financeira, seja no valor dos aluguéis, seja na valorização dos espaços publicitários. Ignorando solenemente também o fato que o Atlético jogou por anos a fio na praça alviverde, refutando a possibilidade de lucros aos lojistas do estádio, já atingidos pela restrição na venda de bebidas alcoólicas que, no entanto, não impediu episódios de violência mesmo após sua implantação.

– A lei citada acima, ineficaz no momento, e que será modificada para atender interesses comerciais durante o Mundial, como se os problemas supostos tivessem sido sanados;

– A falta de transparência nas ações das diretorias anterior e atual do Atlético na questão do aluguel do estádio, como se qualquer clube ou patrimônio estivesse a sua disposição e como se os cerca de 18 mil sócios não tivessem importância alguma na decisão, dada a demora em se buscar uma solução e o desleixo com os mesmos antes, durante e depois da partida contra o Londrina, em Ponta Grossa;

– À classe política do Paraná, ótima para aparecer na hora das fotografias, péssima na hora de tentar colaborar com o processo, abandonando o Atlético a própria sorte como se o evento Copa do Mundo Fifa 2014 não fosse da responsabilidade da Prefeitura e do Governo Estadual, como consta em contrato;

A inabilidade da diretoria do Paraná Clube ao emitir opinião desnecessária e até inoportuna ou intrometida, conforme a leitura, justificando o não-aluguel da Vila Capanema com um viés provocativo, como se houvesse outra razão melhor para não alugar o estádio do que a falta de um acordo comercial;

A falta de clareza e coerência na nota oficial-resposta do Coritiba, repudiando a mensagem da direção paranista, mas não negando claramente a informação e, pasmem, condenando o rival por não colaborar para o crescimento do futebol do Estado, como se a negativa de aluguel do estádio fosse exemplo de união;

A provocativa nota oficial-resposta-resposta da diretoria do Atlético, diminuindo a importância do Paraná Clube no cenário local, pregando uma irmandade não vista entre atleticanos e coxas (salvo se a nota paranista tiver fundamento) e presumindo que toda e qualquer vontade atleticana deva ser respeitada;

A tréplica da direção do Paraná, jogando para a torcida e dando sequencia a um looping infantil e sem perspectivas de melhora, incluindo ofensas pessoais ao presidente do Atlético – que pelo histórico não deixará barato e vai xingar muito no Twitter;

– Ao cenário num geral, lamentável e mostrando que o autofagismo curitibano está em cores vivas por todos os lados da cidade, que teve 5 anos para achar uma solução e não só não conseguiu, como: 1) não convence mais da metade da população que o evento é benéfico para a comunidade; 2) não faz uma ação de marketing envolvendo o Mundial; 3) não soluciona questões simples, como a novela do estádio; 4) perdeu a Copa das Confederações; 5) Abrigará apenas jogos da primeira fase em 2014; 6) arrasta-se numa sequencia infinita de erros que faz qualquer um perder a paciência.

Sem mais para o momento, subscrevo-me, de saco cheio.