Coritiba legal

Camisão: que tal licenciar? (Foto: blog do Luiz @nuncaabandona)

Já disse em um post anterior: entendo a função das torcidas organizadas. Animam o estádio com cantos (exceção aos apológicos a drogas ou violência), atraem novos torcedores, em especial os jovens. Mas o bônus parece muito pequeno em função do ônus acarretado pela ação de gente ligada a elas.

Você está cansado de saber do que eu estou falando, por isso não vou voltar a temas como Couto/09, Pacaembu/95, etc, etc. Quero me ater a nota publicada pelo site oficial do Coritiba hoje, sobre o projeto Torcida Legal.

Poucas vezes um clube foi tão preciso no combate aos problemas das organizadas como vem sendo o Coxa. Não é o pioneiro – o Atlético de Mário Petráglia comprou essa briga lá atrás – mas Vilson Andrade tem conduzido com discrição e categoria o tema.

Diz a nota (entre outros pontos):

“(o projeto) “Torcida Legal” tem o objetivo de cadastrar todos os torcedores, em âmbito nacional, nos principais estádios, mediante a implantação de um banco de dados centralizado. (…) Esta é uma excelente e oportuna iniciativa do Ministério, porque vai dar maior proteção e segurança a todos os torcedores brasileiros. Por acreditar nestes objetivos, o Coritiba nunca deixou de apoiá-la e aguarda a sua implementação no Couto Pereira.

O Coritiba recebeu a informação de que, numa ação conjunta do Ministério do Esporte e do Ministério Pública do Paraná, seriam realizados cadastramentos das torcidas organizadas dos clubes da capital. O Coritiba é favorável ao projeto do cadastramento global de todos os torcedores e não de segmentos ou facções em separado, porque possui a diretriz de impedir o acesso em seu estádio das organizadas, por motivos amplamente conhecidos. É preciso esclarecer, também, que, mesmo após o cadastramento de todos os torcedores, conforme previsto no projeto, o clube continuará a não permitir o ingresso das organizadas com seus adereços.

Esta postura, além de ter sido adotada para preservar a integridade e a segurança de todos seus torcedores, visa a proteger os direitos dos patrocinadores do clube, parceiros comerciais e combater  produtos piratas e o uso ilegal da imagem do clube.

O Coritiba considera que TORCEDORES são seus sócios e todas as pessoas que ostentam as cores, símbolos e a tradição Alviverde com respeito, amor e honra.

Por trás destas linhas, além da violência – que por ora parece contida, mas volta e meia surge em forma de ameaça – está a preocupação comercial. Em uma época em que Corinthians e Flamengo ganham horrores de dinheiro a mais que o próprio Coxa, entre outros, ter um concorrente desleal dentro das próprias trincheiras é dispensável. Para o torcedor mais humilde, o símbolo da Império equivale ao do Coritiba – a um custo mais baixo que a camisa oficial. Pirataria até então legalizada.

Vale lembrar que a organizada NÃO está proibida de assistir os jogos no Couto Pereira: o que ela não pode é ostentar a marca. Exibir sua paixão pelo Coritiba é permitido; fazer propaganda da marca, não.

Luiz Fernando Corrêa, o Papagaio, presidente da facção, é um sujeito acessível. Não parece violento, aparenta calma e é sempre receptivo. Já me mostrou boas idéias no combate a violência. Acha que é mais fácil controlar a violência com a existência das TOs, mas reconhece que segurar uma multidão é impossível. Daí o projeto de cadastramento, o qual colaborou muito. Mas ele sabe que a discussão central deixou de ser essa há tempos.

O Coritiba de Andrade age com correção. A nota mostra a real motivação do veto à TO e avisa aos demais torcedores o porquê. A fase no campo e a postura mais pacata fazem a reverberação ser menor do que foi anos atrás na Baixada.

Cada um sabe qual lado escolher. O Coritiba, se pode ter desagradado alguém pelos mais diversos motivos nessa, ao menos foi legal ao deixar claros os pingos nos is.