“O Atletiba de todos os tempos”. Ao menos é assim que boa parte dos colegas de imprensa venderam o clássico. Eu prefiro esperar. As possíveis combinações, o cenário do clássico, até dão a possibilidade de que isso seja real; mas, e se for um modorrento 0-0, rebaixando o Atlético e tirando o Coritiba da Libertadores, ainda será o maior? Rotular o clássico antes da bola rolar é o mesmo que achar que o favoritismo analítico do Coxa já garantiu a vaga na competição sul-americana e, de quebra, rebaixou o Furacão. Isso, talvez, só depois das 19h de amanhã.
Um clássico para ser histórico tem de ter muitos elementos. O 348 se apresenta com credenciais, mas ainda não o é. Não é maior que o histórico Atlético 4-3 Coritiba de 1971, o #156, com diversas viradas, com Nilson Borges perdendo pênalti para o Atlético, que perdia por 2-0; não é maior que o #275, de 1995, quando Brandão aplicou um chocolate na páscoa atleticana, transformando os 5-1 do Coritiba sobre o rival no estopim da revolução petraglista. Ou ainda o #146, quando Paulo Vecchio impediu, no último minuto, que o Atlético saísse de uma fila de 9 anos sem títulos, no 1-1 que deu ao Coxa o título daquela temporada. Quem sabe o #305, quando depois de estar perdendo por 0-1, o Furacão aplicou 4-1 no adversário em pleno Couto Pereira, na Seletiva da Libertadores em 1999, o de maior relevância nacional até aqui. São 347 edições e entre Bergs e Dirceus, Tutas e Danilos, o clássico tem muitos heróis e vilões.
Não há como esconder o favoritismo do Coritiba, aberto nos objetivos distintos e nos números de toda a competição. Será que o herói vestirá alviverde? Marcos Aurélio, um ex-atleticano, pode fazer o gol da sentença rubro-negra? Ou Jéci, o capitão do Coxa mágico de 2011, do recorde mundial? Ou Vanderlei, vilão em 2009, salvará o Coxa de lances agudos? Conseguirá o Coritiba a vaga para a 3a Libertadores da sua história ou sua gente deixará a Arena frustrada? Clássico tem favorito? No Estadual, teve. E agora, no jogo que pode mudar a história dos dois clubes?
Ou o herói vestirá rubro-negro, podendo ser Cléber Santana, que perdeu pênalti ao longo do campeonato em pontos que hoje fariam a diferença? Poderá ser o “maestro” Paulo Baier, que não brilhou ainda em Atletibas, e pode quebrar um tabu de 3 anos, que corresponde a passagem dele e do presidente Marcos Malucelli no clube? E se o Atlético fizer 2, 3 a zero no Coritiba e não for o suficiente? O herói atleticano virá de Minas Gerais ou da Bahia? Poderá ser Souza ou Cuca, um no Bahia, outro no Galo, salvando o Furacão do rebaixamento, como De Vaca, do Libertad o fez em 2005, quando fracassou por conta própria na Arena (o que não é permitido dessa vez) ao levar 1-4 do Medellín, mas contou com a derrota do América em Cali para chegar ao vice da Libertadores, hoje o sonho do Coritiba, que ganhou segunda chance após a Copa do Brasil.
Quem, entre tantos que mal dormiram nessa semana, arrisca cravar? A gigantesca expectativa, a semana cercada de silêncio dos dois lados, mas com trocas de provocações entre as torcidas – diga-se, a torcida do Coxa deitou nos atleticanos como nunca se viu – mas que, também ressalte-se, parece apontar para um cenário tranquilo no jogo. A soma de tudo, para termos novos heróis e vilões, para que a previsão dos colegas sobre a relevância do #348 se confirme.
Será impossível agradar os dois lados. Ótimo, não? É disso que a rivalidade é construída; antagonismo. E não inimizade, violência. No futebol, nada é impossível, tudo é mágico. E certamente muitos terão histórias a contar a partir de segunda-feira. Com paz e tranquilidade, espera-se.
E um ótimo espetáculo dentro de campo.








