NFL: EUA conhece nesse final de semana os finalistas do Super Bowl

por André Tesser*
 
 
Nesse domingo (19) acontecem as finais de Conferência na NFL. Os vencedores dos playoffs de Divisão enfrentam-se em jogo único valendo a tão sonhada vaga no Super Bowl, o título máximo do campeonato.
 
A temporada reservou dois jogaços para as finais de Conferência. Na NFC, um duelo entre rivais de Divisão: o Seattle Seahawks recebe em sua casa o San Francisco 49ers. Na AFC, o Denver Broncos enfrenta em sua casa o New England Patriots, com um esperadíssimo confronto entre Peyton Manning e Tom Brady.
 
Depois de muito tempo, as finais de Conferência serão entre as melhores campanhas da temporada. E, não bastasse só isso, há ingredientes extras que tornam os jogos ainda mais especiais e certamente eletrizantes. Vamos a eles.
 
Na NFC:
 
Seattle Seahawks x San Francisco 49ers – mando de campo do Seahawks, domingo, às 21h30
 
Seattle e San Francisco tiveram trajetórias diferentes na temporada. Enquanto o Seahawks desde logo mostrou sua condição de favorito ao Super Bowl, ganhando a sua Divisão, o 49ers teve um momento irregular na sua campanha e chegou até a ter seu lugar nos playoffs ameaçado.
 
As duas equipes vêm se revezando há tempos como o melhor time da NFC West. Enquanto o 49ers ganhou a Divisão em 2011 e 2012, o Seahawks foi campeão em 2010 e nessa temporada. Portanto, o confronto tem tudo para ser equilibrado. Desde que as equipes ajustaram esses mesmos elencos-base, com os atuais head coach e quarterbacks, foram quatro jogos, com duas vitórias para cada lado. E, sempre, quem jogou em casa venceu.
 
O Seattle tem, provavelmente, a defesa mais forte da liga. Suporta bem o jogo corrido adversário e sua secundária é a melhor da NFL. No ataque, o versátil Russel Wilson é excelente no pockter, muito bom correndo com a bola e consegue algumas boas big plays. Marshawn “The Beast” Lynch é um running back que ganha várias jardas depois do primeiro contato, arrastando as defesas adversárias para dentro de seus campos. No jogo aéreo, Golde Tate é um recebedor confiável e é sempre um alvo certo de Wilson – que deve sofrer um pouco com a perda de Percy Harvin por lesão para o jogo.
 
San Francisco tem uma defesa muito forte contra o jogo corrido, mas a sua secundária não é das melhores – e esse pode ser um segredo para a vitória de Seattle. O quarterback Colin Kaepernick parece estar evoluindo, mas ainda é inconstante no pocket (o que lhe valeu, inclusive, uma crítica do maior quarterback da história do 49ers – para alguns, o melhor da NFL – Joe Montana). O ataque aéreo ganhou força com os recebedores Anquan Boldin, Michael Crabtreee e o tight end Vernon Davis. O jogo corrido também é forte, especialmente com Frank Gore. Na semana passada, a defesa do Niners foi fundamental para a vitória contra o Carolina Panthers, não permitindo que o adversário, que jogava em casa, pontuasse no segundo tempo inteiro.
 
Já Seattle não pareceu sequer ter sua vaga na final da Conferência em risco na vitória contra o New Orleans Saints, com uma excelente atuação de Lynch e da defesa, que não permitiu grandes ações do adversário.
 
O 49ers terá, ainda, que vencer o “décimo segundo jogador”. O Century Link Field, estádio do Seahawks, é conhecido como o mais hostil da Liga e isso poderá ser fundamental para o passaporte para o Super Bowl. A torcida de Seattle costuma transformar seu estádio no mais barulhento da NFL, dificultando as comunicações ofensivas de seus adversários dentro de campo, exercendo muita pressão.
 
Os dois treinadores também são fundamentais para o sucesso de seus times. Pete Carrol (Seattle) devolveu o time aos playoffs ganhando sua Divisão e Jim Harbaugh (San Francisco) leva seu time à terceira final seguida de NFC (aliás, desde que assumiu o 49ers, Harbaugh sempre conduziu seu time à final de Conferência). Os dois também têm uma rivalidade antiga, desde os tempos de college, o que é um ingrediente a mais para o jogo.
 
Enfim, a rivalidade é grande e as equipes são muito fortes, especialmente defensivamente, o que deve fazer do jogo uma guerra em campo.
 
Palpite: o jogo deve ser equilibrado. O fator casa deve pesar, de novo, como foi nos últimos confrontos. Seattle deve ser o representante da NFC no Super Bowl.
 
Na AFC:
 
Denver Broncos x New England Patriots – mando de campo do Broncos, domingo, às 18h
 
A final da AFC reserva apenas o confronto entre aqueles que são considerados os melhores quarterbacks em ação da Liga e que já tem seus nomes gravados na história da NFL. Peyton Manning (Broncos) fez uma temporada impecável, quebrando dois recordes importantíssimos: maior número de touchdowns e jardas aéreas em uma temporada regular. Tom Brady (Patriots) também foi o primeiro quarterback da Liga a atingir mais de 6000 jardas aéreas em jogos de playoffs, ganhou mais uma vez a sua Divisão (AFC East) e está pela terceira vez seguida na final da Conferência.
 
Os dois já se enfrentaram diversas vezes (quando Manning ainda jogava no Indianapolis Colts, principalmente). Só em jogos de playoffs, foram três confrontos, com Brady levando leve vantagem, pois ganhou dois jogos. Nessa temporada, o Patriots venceu na prorrogação, jogando em casa, em um jogo que recuperou uma vantagem boa de Denver.
 
Brady x Manning sempre é um jogo à parte. Valendo uma vaga no Super Bowl, deve ser ainda mais especial. Os dois pertencem a uma geração muito específica de quarterbacks, de decisões muito rápidas no pocket, muita precisão nos passes aéreos, e muita condição de leitura da defesa adversária, o que lhes permite mudar seguidamente a jogada a ser realizada na própria linha de scrimmage, dificultando ainda mais a ação defensiva.
 
Manning tem alvos aéreos mais confiáveis, e não é à toa que quebrou recordes importantes. Os wide receivers Erick Decker e Wes Welker (que até a temporada passada jogava no Patriots) e o tight end Demayrius Thomas são os melhores do ataque aéreo. Mas, o jogo corrido também funciona muito bem, com Knomshown Moreno e Manti T`eo.
 
Já Brady tem um corpo de recebedores mais jovens. Mas, o impressionante desempenho do ataque terrestre na semana passada, com nada menos que 6 touchdowns deu novas esperanças de mais opções ofensivas para o Patriots.
 
Duas coisas devem ser as chaves das vitórias. A linha ofensiva que proteger melhor seu quarterback, lhe dando mais tempo no pocket estará mais perto da vitória. Ao mesmo tempo, que controlar melhor o relógio, deixando o ataque adversário sem ritmo e esperando na sideline certamente também estará mais perto da vitória. Isso porque, tanto Manning quanto Brady gostam de castigar seus adversários com campanhas demoradas e que dificilmente saem de campo sem pontuação.
 
O jogo tem tudo para ser espetacular e histórico, pois pode ser o último Brady x Manning. Isso porque o quarterback de Denver pode se aposentar após a temporada, se um exame médico em sua antiga lesão na coluna apontar para isso.
 
Palpite: Manning empata os confrontos diretos aos playoffs e devolve o Broncos ao Super Bowl.
 
*André Tesser é amigo do blog e mal dormiu nessa semana à espera da definição das conferências

Começou a NFL, o futebol que é menos foot e nem tão ball

Sim, é futebol

por André Tesser*

A bola oval está voando de volta. Para os fãs do Futebol Americano, a liga profissional norte-americana, a NFL, retomou suas atividades na quinta-feira, dia 05/09/2013, com o jogo envolvendo o campeão do ano passado, Baltimore Ravens e um dos favoritos dessa temporada, o Denver Broncos – que venceu o jogo.

O campeonato da NFL é um dos que mais têm audiência no mundo. Sua final, conhecida como Super Bowl e que acontece sempre no primeiro domingo de fevereiro, é o evento esportivo isolado com maior telespectadores do planeta e tem o intervalo mais caro da televisão mundial. Na última temporada, por exemplo, “apenas” mais de 108 milhões de televisões estiveram ligadas no mundo para o Super Bowl.

O fenômeno explica-se, claro, pelo fanatismo norte-americano pelo esporte, mas também pelos adeptos da liga no mundo. Isso só é possível pelo nível técnico do campeonato, pelas emoções que o esporte proporciona, pela organização do torneio e pela tradição yankee de unir, com maestria, esporte e entretenimento.

A NFL é dividida em duas Conferências: NFC (National Footbal Conference) e AFC (American Footbal Conference). Os times de cada conferência estão espalhados por oito divisões (quatro divisões por conferência), que contam com quatro times cada, o que totaliza 32 times (chamados de “franquias”). Ao final de 16 jogos de cada time na temporada regular, classificam-se aos playoffs das conferências os campeões de cada divisão e mais dois times por índice técnico dentro de cada conferência. Depois, os times enfrentam-se em partida única, sempre na casa do time de melhor de campanha da temporada regular até sair o campeão.

Os dois vencedores das Conferências disputam a final da NFL, o Super Bowl, que acontece também em partida única, em estádio já pré-definido. Em fevereiro de 2014, o Met Life Stadium, em New Jersey, nos arredores de New York, sediará o evento.

Para essa temporada, os especialistas têm apontado alguns favoritos. Na AFC, o título deve ficar entre o Baltimore Ravens (que mantém um time forte, apesar de algumas perdas importantes), o Denver Broncos (que conta com uma dupla no ataque que deve fazer história na Liga: Peyton Manning e Wes Welker) e o sempre forte New England Patriots (que conta com um dos melhores quarterbacks da liga, Tom Brady, também conhecido como marido de Gisele Bündchen).

Na NFC, a disputa deve ser mais acirrada. O Atlanta Falcons (vice-campeão da conferência na temporada passada e reforçado), o Green Bay Packers (com um ótimo ataque comandado pelo excelente Aaron Rodgers e uma boa defesa, com o “lenhador” Clay Mathews), o San Francisco 49ers (que manteve a boa base da temporada passada, com destaque para a defesa com a dupla de linebackers Aldon Smith/Patrick Willys e com o quarterback Colin Kaepernick, que levou o time ao Super Bowl na temporada passada) e o Seattle Seahawks (do talentoso quarterback segundo-anista Russel Wilson e de um dos melhores running backs da liga, Marshall Lynch) lideram os postos de favoritos.

Mas, a Liga sempre reserva algumas surpresas. Se ela vier da AFC, deve ser o Cincinatti Bengals (que se reforçou bem), o Houston Texas (que fez uma bela temporada passada) ou o Indianapolis Colts (que deve crescer na segunda temporada de seu festejado quarterback Andrew Luck). Na NFC, as surpresas podem vir do New Orleans Saints (com a volta seu head coach Sean Payton, que ao lado de seu grande quarterback Drew Brees já levou o time da Lousiana ao título do Super Bowl), ou do sempre perigoso New York Giants (do quarterback duas vezes campeão do Super Bowl Eli Manning – irmão mais novo de Peyton, QB do Denver Broncos).

De qualquer forma, o campeonato promete ser, novamente, dos mais disputados. A temporada relativamente curta e o histórico de lesões na Liga sempre são fatores que colaboram com o imprevisível e é muito normal um time que não faz uma grande temporada regular ser o campeão.

Para quem quiser acompanhar o torneio pela televisão, a ESPN – que transmite o campeonato no Brasil, assim como o canal Esporte Interativo – deve transmitir cinco jogos por rodada: um na quinta-feira, dois na tarde do domingo, um na noite do domingo (o jogo mais festejado da rodada, o Sunday Night Football, que tem a abertura mais legal de qualquer evento esportivo) e um na noite da segunda-feira, o Monday Night Football. Além disso, sempre rolam transmissões especiais (no feriado norte-americano de Thanksgiving – ação de graças, por exemplo), e a ESPN transmitirá também, mais uma vez, todos os jogos dos playoffs, incluindo, claro, o Super Bowl.

Para quem tem conta no twitter, há sempre muita informação quando se segue o @theconcussion e o @oquarterback, além das contas dessa rede social dos narradores e comentaristas da própria ESPN no Brasil.

Se você ainda não é fã da bola oval, sugiro que vgaste um pedaço do domingo assistindo, ao menos, o Sunday Night Football, incluindo a sua abertura. Mas, depois, não me acuse de viciá-lo.

P.S.: obrigado ao amigo Napoleão pelo espaço e pela oportunidade de dividir um pouco nessas linhas, da minha adoração pela NFL.

*André Tesser é advogado, professor de Direito, fanático por Futebol Americano e amigo do blog