
Ricardinho é literalmente uma aposta da diretoria do Paraná para o resgate do clube em 2012. Como a sugestiva (e com muito senso de oportunismo de Geraldo Bubniak) foto acima, é uma valsa de 15 anos a ser conduzida pelo jogador que despediu-se do Tricolor em 1997, no ano do penta estadual. Deixou um Paraná e reencontrará outro, que precisa muito mais dele do que o contrário.
É o jogador, ídolo do clube, quem tem a perder. A imagem vencedora estará em xeque, pois o torcedor não perdoa: uma, duas ou três derrotas seguidas e o ídolo será, naturalmente, vaiado. Futebol é resultado. Ricardinho recebeu ontem da diretoria 23 jogadores para uma seleção. Seis únicos remanescentes da temporada 2011 e o restante do time júnior do Paraná, jogadores para quem a imagem de Ricardinho, campeão no Corinthians e na Seleção, fazem diferença.
Esse não é o único ponto em que o meia, agora ex-jogador, traz benefícios. O relacionamento por onde passou deixa o Paraná com as portas abertas para a montagem de um elenco. Ricardinho já recebeu ofertas para que jogadores de Corinthians, Flamengo, Cruzeiro, Internacional e Atlético-MG, não utilizados em seus clubes, defendam o Paraná em 2012. A diretoria pretende trazer esses jogadores usando a camisa como vitrine, com benefício técnico em campo e financeiro fora: há a promessa de que cada jogador deixe um percentual para o clube quando ganhar mercado e for negociado. Esperemos.
Se o noviciado de Ricardinho na função será um problema só o tempo dirá. Fato é que o Paraná não tinha nada antes dele e, após muito tempo, foi destaque nacional pela volta do ídolo. É um penta-campeão, trabalhou com técnicos de gabarito a vida toda e sempre demonstrou ser um cidadão antenado nos assuntos do país, com cultura acima da média da maioria boleiros. Difícil avaliar os conhecimentos técnicos do agora treinador; mais fácil é mensurar que a apresentação levou muitos torcedores à Sede Kennedy, que, de orgulho resgatado, cantaram o hino do clube a quem quisesse ouvir.
O Paraná dá um passo certeiro fora de campo. Deve explorar a marca do ídolo e inclusive estuda um jogo de despedida. Já está melhor do que esteve recentemente. O resto é com o tempo.
Informação: o Paraná finalizou o patrocínio com a Sinoway, patrocinadora em 2011. O fim do acordo não foi feliz: o Tricolor não recebeu da empresa os valores combinados e deve buscar isso na justiça.
Outro lado
Chamou a atenção da demissão de Ageu do clube pela história que o ex-zagueiro, também ídolo da torcida, tem no Paraná. A mim, chamou menos atenção a saída em si, um direito de Ricardinho como novo comandante, do que a explicação da demissão.
Ricardinho, que um dia foi considerado o jogador mais traíra do Brasil, expôs o ex-colega publicamente. Disse que não manteve Ageu pelas declarações do então auxiliar, que disse a Gazeta do Povo que era mais experiente e preparado para assumir o clube, enquanto ele (Ricardinho) ainda era um jogador. Soou como um recado, do tipo, “viu só? Comigo ninguém brinca.”
Ageu provavelmente não sabia da negociação com Ricardinho e falou o que pensava para defender sua posição . Ricardinho, já empossado, poderia ter guardado para si as razões e simplesmente justificado que prefere trabalhar com o irmão, Rodrigo Pozzi, um direito que tem.
Seseguir levando a público as broncas que terá no cargo daqui para frente – e não serão poucas – pode ter menos tempo na função do que todos pretendem que tenha.