A decisão do Ministério Público e o que ela significa

No final da tarde desta terça-feira o MP-PR finalmente publicou oficialmente o que pensa sobre o Atletiba 349 para uma só torcida. E, numa daquelas decisões que só vemos no Brasil, reconheceu o contraditório, mesmo fechando com a ideia de limitar o acesso à Vila Capanema. Confira uma imagem editada da publicação e, ao clicar nela, o ofício original:

Ao admitir que rasga o Estatuto do Torcedor para cumprir o desejo dos clubes, o MP, também amparado pela PMPR, se torna incoerente e pode arrumar mais trabalho para si próprio. Qualquer torcedor que se sinta alijado do seu direito de acompanhar o jogo pode acionar o próprio MP, que terá que responder pela decisão. O Estatuto é soberano e é por isso que o Ministério Público fez questão de ressaltar o que vem a seguir (também editado; para ler o original, clique na imagem):

Os ingressos que seriam reservados a torcida visitante (no caso, a do Coritiba) terão que estar disponíveis. Não podem ser comercializados pelo mandante, o Atlético, nem mesmo com a definição de que a torcida visitante não vá ao estádio.

A reserva tem cunho técnico: se você, torcedor, ingressar ainda nessa quarta com uma ação no próprio MP do Consumidor, poderá ter acesso ao estádio. É claro, terá que contar com a agilidade do sistema e uma boa dose de paciência. Mas o MP não pode, por mais que queira, contrariar a lei. É por isso que essas reservas são feitas no documento oficial.

Que, aliás, não reserva nada sobre a mesma medida para o segundo turno. Em contato com o departamento jurídico do Coritiba, apurei que o clube espera o fim do plantão de carnaval do MP, amanhã 12h, para receber um documento oficial que garanta no mínimo a isonomia nas ações quanto às torcidas. O Coxa quer um documento como o exemplificado acima, assinado pelo MP, de que não só o Atletiba do turno, mas também o do returno, terá a mesma medida.

Hoje as partes contam apenas com a palavra uma das outras. O que mudou por diversas vezes desde a reunião de sexta, ao ponto de que só se soube na segunda de manhã a nova postura do MP quanto ao caso, cedendo à idéia do presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia.

Que não foi o único a aceitar a condição, ressalte-se. Mas isso já foi discutido no post abaixo.

 

Perdemos

Torcida única ocupará Vila Capanema no Atletiba 349

Perdemos todos. A notícia de que o Atletiba 349 terá apenas uma torcida presente (a do Atlético, o que faz por consequência que o Atletiba 350, no Couto, só tenha coxas-brancas) é um atestado de como retrocedemos no tempo. De como nós, paranaenses, não sabemos conviver desportivamente. De como a sociedade atual caminha para um lugar ainda mais obscuro, com os bons se fechando nos muros sob a sombra da violência.

A decisão da PM em conjunto com os clubes é preguiçosa. Tem como base o mau comportamento de alguns vândalos que se aproveitam das camisas das organizadas (algo explicado em várias obras antropológicas) para agredir quem os mesmos entendem ser diferentes. Problema crônico que seria sanado com punição correta, sistema judiciário eficaz – como na Inglaterra – e banimento dos responsáveis. Quiça das organizadas, que têm lá sua função social mas colhem muito mais o bônus (como venda de camisas alusivas aos clubes sem royalties) do que pagam o ônus. Quando há confusão, “é impossível controlar o grupo.”

Só que segurança pública vai além de um ou dois grupos de marginais. Vai ao fato de que o mesmo governo que só aparece para fotos pouco faz na condução do processo Copa 2014. Mais do que isso: Curitiba hoje é considerada a 6a capital mais violenta do Brasil. Como por aqui mata-se o cachorro para se acabar com as pulgas, lá vamos nós a mais uma invenção dos cartolas: agora, somos incapazes de dividir arquibancada com outros seres humanos, apenas porque gostamos de cores diferentes.

Claro, há muito mais por trás do que só a questão segurança. Não é a primeira vez que o tema vem à tona – embora só agora ele esteja praticamente concretizado. Desde 1996, quando do Atletiba 284 (aquele 0-0 que garantiu o Coxa na decisão contra o Paraná), Mário Celso Petraglia já queria que os estádios recebessem torcida única. A idéia por trás do fato é simples: sem a obrigatoriedade de se vender entradas aos visitantes, a capacidade real do estádio está voltada aos sócios, principais colaboradores do clube. Não é ruim, mas é anti-democrática e sectarista. Mesmo na Europa, em clássicos como Barcelona x Real Madrid ou Celtic x Rangers, que envolvem questões políticas ou religiosas com histórico muito acima dos vistos nos Atletibas, há a reserva mínima aos visitantes. Afinal, é apenas futebol, não uma disputa de vida ou morte.

E diga-se que o sim de Vilson Ribeiro de Andrade também não foge à risca. Aliás, o dirigente coritibano, revolucionário no Alto da Glória, tem muito de Petraglia na maneira de atuar. Mais democrático, é verdade, mas com idéias similares. Uma delas é a proibição (na minha visão correta) das faixas de organizadas, vetando a publicidade de um concorrente mercadológico em materiais esportivos, que não paga royalties e vampiriza preços. Para o torcedor comum, uma camisa da Fanáticos ou da Império tem o mesmo valor sentimental que uma da Umbro ou Nike do clube.

Vale ressaltar que em 5 anos, desde a definição da Copa na Arena, não se buscou um acordo. Vale dizer que o Atlético agiu pessimamente em não procurar diretamente o Coritiba; que o Coxa fez ouvido mouco, pressionado pela torcida (mais intolerância) para não ceder o estádio, algo plantado sine qua non – mesmo com décadas de usufruto múltiplo da praça; que noves fora a questão Arena-Governo-Copa, a vantagem técnica de se jogar em casa valia pressão pró-Coritiba, o que se inverteu pelos resultados, e o Atlético desinteressou-se em jogar no estádio rival, pensando também na disputa, mesmo após a primeira abertura de Vilson Ribeiro.

Compreendido isso, é importante lembrar que optamos pelo caminho da separação. Bem distante dos Atletibas históricos da década de 70, como por exemplo na decisão de 1978, quando quase 180 mil pessoas, dividindo o Couto Pereira meio a meio, viram três 0-0 épicos (Manga decidiu o título nos pênaltis a favor do Alviverde). A separação é um passo perigoso pela intolerância. Sai de campo a flauta, a boa rivalidade, entra em campo o ódio. Simplesmente não sabemos conviver.

Tecnicamente, ampara-se a escolha na falta de tempo para a instalação de outras 7 câmeras de segurança na Vila, o que limita a capacidade para 9.999 expectadores – dos quais, pelo regulamento 999 deveriam ser coxas. A capacidade liberada é maior que a suportada na inauguração do primeiro estádio paranaense, a Baixada, em 1914. Lá, se enfrentavam América, Internacional, Coritiba, Britânia e tantos outros, sempre com o apoio dos seus simpatizantes.

Passados 98 anos, estamos piores como sociedade.

Abrindo o Jogo – Coluna no Jornal Metro Curitiba de 15/02/2012

O que vem por aí

Mário Celso Petraglia apresentou uma série de novidades ao conselho atleticano após a visita do Ministro do Esporte Aldo Rebello à Curitiba. Aos poucos o clube irá confirmar as informações via site oficial – Petraglia disse a amigos que não falará tão cedo com a imprensa – mas a coluna antecipa alguns bônus que a Copa está trazendo ao clube e à cidade. O primeiro deles é um projeto piloto de mini-usina solar na Arena, tendo a Copel e a Eletrobrás à frente, com o Atlético recebendo R$ 25 milhões para a execução. A energia a ser produzida suportará a demanda da Arena e o excedente será usado na região. A estimativa é que a produção chegue a 2,2 megawatts de potência. Petraglia ainda apresentou outras duas novidades: a rua Buenos Aires deixará de existir na frente da Arena, tornando-se um calçadão integrado com a praça Afonso Botelho, que será um centro de convivência da prefeitura. E o clube montará uma escola para crianças carentes na região do Umbará, próximo ao CT, em parceria com a prefeitura, que fornecerá a mão de obra.

 

Os ônus

A indefinição no estádio onde mandará os jogos – e também a queda para a Série B – já fez o Atlético perder cerca de 6% dos sócios, número considerado baixo pela atual gestão. No entanto, a forma de pagamento antecipado via cartão acaba impedindo maior inadimplência. O clube lançou campanha de marketing tentando fidelizar o torcedor e busca um acordo com o Paraná Clube para mandar jogos na Vila Capanema. Além disso, o Atlético afirma que já aplicou R$ 15 milhões na obra da Arena e irá financiar R$ 135 milhões junto ao BNDES contando com os títulos de potencial construtivo como garantia.

Aluga a Vila!

Tendo por base a necessidade atleticana e olhando também para seu próprio bolso, alguns funcionários do administrativo confidenciaram que torcem para que o Paraná Clube alugue a Vila Capanema para que o Atlético mande seus jogos ao menos até o final do estadual. Os salários de diversos colaboradores na área social do Tricolor estão atrasados; na última segunda, o clube acertou a dívida que tinha até o mês de novembro/11, mas já tem mais três meses a vencer. O Paraná pediu R$ 120 mil por jogo ao Atlético, que ofereceu R$ 30. Sai meio termo?

Nota: Durante a tarde desta quarta (15/02), a diretoria do Paraná entrou em contato com o blogueiro e garantiu que depois de acertar os salários dos colaboradores até novembro na segunda passada, ainda ontem pagou também os vencimentos de dezembro.O aluguel da Vila Capanema por 8 jogos também está praticamente certo, embora o clube não queira abrir o valor da locação – o que não resolverá muito, pois constará no borderô da primeira partida que o Atlético realizar na Vila.

Reforços gringos no Coxa?

Depende de um investidor o anuncio do acordo do Coritiba com o médio-volante Luís Enrique Cáceres, 23 anos, do Cerro Porteño. O valor de US$ 1,6 milhão para trazer o jogador está além do que o Coxa pretende investir. Cáceres e seus empresários quer abrir mercado no Brasil e ele foi oferecido ao Alviverde.Segundo o empresário Audinei Azevedo resta agora o aval de um grupo investidor que viabilizaria a vinda do jogador ao Coxa por pelo menos até o final da temporada. O clube não confirma o acerto, mas reconhece o interesse no jogador. O Coritiba também negou o boato que surgiu em Porto Alegre de que o atacanrte Ezequiel Miralles, ora no Grêmio, estaria acertado com o clube: “Não tem nosso perfil”, disse o superintendente Felipe Ximenes.

Rápidas e Precisas

Início de noite agitado nessa segunda-feira, aproveito para atualizar o blog com os temas do dia:

Atletiba 349

Ainda não há confirmação do local, mas desde o pedido do Ministério Público-PR para que o jogo não seja no Eco-Estádio, passou-se a buscar soluções. Como é de conhecimento público, Vilson Ribeiro de Andrade abriu a possibilidade de realizar os dois clássicos no Couto Pereira, mas não foi procurado pelo Atlético. Quem procurou o Coritiba foi a CBF, apenas consultando a possibilidade de emprestar o estádio ao Rubro-Negro – diferente da requisição impositiva da FPF, que ainda terá julgamento no STJD.

Hoje o repórter Eduardo Luiz, da rádio 98 FM, trouxe a informação de que o jogo será na Vila Capanema. A diretoria do Paraná não confirmou o empréstimo do estádio ao Atlético, mas admitiu que houve nova conversa, desde o episódio das notas oficiais. Porém tudo foi intermediado pela FPF e o Tricolor quer negociar diretamente com o Atlético. A possibilidade existe, mas além da necessidade de uma reunião entre Paraná e Atlético, o estádio precisa ser liberado. “Mas é coisa simples. São alguns laudos que têm de ser renovados, se tiverem pressa, dá até quarta. Depois complica, porque já é carnaval”, disse-me Amilton Stival, vice-presidente da FPF. Ele também negou que o jogo já esteja confirmado para a Vila, na quarta de cinzas, 22.

Caso o jogo se confirme para a Vila Capanema, será o 17o. Atletiba na casa tricolor. O último foi há 35 anos, o #190, no dia 23/01/1977, vencido pelo Coritiba por 3-1. A vantagem estatística nos jogos no Durival Britto e Silva é coxa-branca: 8 vitórias e 35 gols marcados contra 5 vitórias e 23 gols do Furacão. Dois jogos realizados na Vila entram na lista dos mais importantes do clássico: a maior goleada do confronto, imposta pelo Coritiba por 6-0 em 14/11/1959 e o histórico Atletiba de Paulo Vecchio, de 1968, quando o Atlético ia vencendo por 1-0 até os 46/2T e ficando com uma taça que não via há 10 anos, mas viu o atacante alviverde empatar no último minuto e prorrogar a agonia o Furacão com o título do Coxa.

Luís Enrique Cáceres

O meia do Cerro Porteño deve ser o novo reforço do Coritiba. Uma reunião entre os empresários do jogador e a diretoria do Coritiba define entre amanhã e quarta-feira a contratação do jogador de 23 anos, que atua como segundo volante. Segundo informações, ele chega para suprir a vaga de Léo Gago, que foi para o Grêmio.

Cáceres é considerado um volante com chegada e qualidade na armação, além de bons arremates de fora da área. Abaixo, um gol dele pelo Cerro Porteño no Campeonato Paraguaio:

O jogador passará por exames. Ele teve um problema no joelho no ano passado, quando quase acertou contrato com o Atlético. O contrato também depende dessa aprovação.

Guerrón por Saulo?

Corre em Recife a informação de que o Sport está interessado em levar o atacante Guerrón e emprestar o goleiro Saulo por uma temporada ao Atlético. O interesse pernambucano foi confirmado pelo editor do Globo Esporte em Recife, Leonardo Aquino, mas sem precisar exatamente o avanço das negociações. No Atlético, como de praxe, nem um pio sobre o tema.

Saulo tem 22 anos e se destacou no ano passado por duas situações pitorescas. O primeiro foi quando marcou um gol de cabeça aos 45/2t contra o Vitória-PE no Campeonato Pernambucano 2011. Na comemoração, o goleiro machucou-se seriamente e ficou afastado do futebol por nove meses. Veja o lance:

A segunda foi extra-campo: mostrando que é mesmo pegador (característica importante a um goleiro) Saulo caiu na net em fotos e filmes pornográficos com uma garota. Segundo ele, a menina teria perdido o celular. Vale a pena ler a reportagem aqui.

Descaso

A morte do torcedor atleticano André Lopes, na última quarta-feira, atropelado quando saia do Eco-Estádio após a vitória do Atlético (4-0) sobre o Roma, é mais uma demonstração do descaso dos organizadores do futebol local, cada vez menos preocupados com o bem-estar e a segurança do torcedor e muito mais em tapar os buracos que os mesmos se encarregaram de abrir. Infelizmente, esse buraco agora é ocupado por um jovem de 21 anos, que apenas queria acompanhar seu time do coração, mas sofreu com a falta de planejamento de quem liberou e confirmou o evento sem garantir segurança.

A faixa acima é um protesto de moradores e torcedores que perderam um amigo por pura falta de compromisso e planejamento. O conceito do Eco-Estádio é criativo e digno de nota. É feito para comportar a torcida do Corinthians-PR. Até o jogo desta quarta, o recorde de público era o jogo J. Malucelli 3-2 Coritiba, em 2008: 2.173 pessoas. Já um volume substancial de torcedores. O novo recorde foi estabelecido pelo Atlético, tem exatamente 1201 pessoas a mais, mais de 50% do público anterior: 3474. Com 17 mil sócios o rubro-negro dificilmente arrastará menos pessoas a campo do que o volume de quarta-feira. E pelo Facebook, único meio de contato com Mário Celso Petraglia desde que ele assumiu o Atlético, o presidente do clube anunciou:

A média de público do Corinthians-PR em 2011 foi de 383 pessoas, quase 10x menos do que se espera em público médio nos jogos do Atlético desde o anúncio acima. A liberação do estádio feita pensando no público médio do Timãozinho está dentro da normalidade; até mesmo o esquema de segurança, elaborado para um público tão diminuto, está de acordo. Para o Atlético, não. A movimentação é maior, desde o volume de torcedores e ambulantes até os profissionais de imprensa e da organização, mobilizados em maior número dado o apelo popular do Furacão.

E de quem foi a culpa pela morte de André Lopes? Cheguei a ler uma absurda troca de acusações clubísticas, como se Coritiba ou Paraná tivessem relação com a fatalidade – que, aliás, poderia ter acontecido num domingo de sol, com um visitante do Parque Barigui, já que não existe passarela na BR 277 – por não terem chegado a um acerto com o Atlético. Oras!, Coxa e Tricolor estavam quietos em suas casas, um ainda indignado pela maneira com a qual recebeu a imposição (ainda em processo judicial) de empréstimo do Couto Pereira, outro contabilizando o que vale/merece/precisa nas propostas pelo uso da Vila, já descartada. Atribuir culpa a esses clubes no acidente é desrespeitar a família e ignorar que o caso ainda está pendente de solução.

O Atlético, co-organizador do evento (que é da FPF) mostrou que cumpriu sua parte ao apresentar um ofício pedindo segurança a Polícia Rodoviária Federal com dois dias de antecedência:

A Rádio Banda B trouxe a público o documento acima. Aqui, o primeiro sinal de descaso: avisada, a PRF não  percebeu a relevância do evento. Ou, no mínimo, subestimou a importância de coordenar a entrada e a saída de 3,5 mil pessoas em uma rodovia. E o faz de novo: fará um teste hoje num jogo de menor apelo, entre Corinthians-PR x ACP. Pode ter a impressão de que o esquema já é satisfatório.

A Gazeta do Povo estampa que a PRF pode proibir os jogos do Atlético no Eco-Estádio. Diz Anthony Nascimento, inspetor da corporação: “Vamos avaliar se há uma forma para adequar o local para a travessia segura dos torcedores. Se não chegarmos a um consenso, a PRF vai pedir que o evento não seja realizado naquele estádio.” Como você viu acima, esse não será o único jogo do Furacão no Eco-Estádio, segundo o presidente rubro-negro. Após a tragédia (que poderia ter mais de uma vitima, diga-se) a PRF pode mesmo entender que não tem capacidade para fazer a segurança em jogos de grande porte na praça do Timãozinho. E então volta a tona o problema do Atlético: onde o clube jogará enquanto seu estádio está em reforma para atender à Fifa e à cidade na Copa 2014? Minha opinião está nesse link, mas em suma: foram cinco anos para pensar nisso e nada foi feito. Mais descaso.

Fato é que nessa semana o comitê paranaense esteve no Rio, reunido com a Fifa, apresentando as fórmulas de conclusão do estádio. Um nó que passa pela cessão de títulos urbanos de Curitiba (o potencial construtivo) ao Atlético, que os repassará ao Governo do Estado como garantia do financiamento via FDE. Aqui, cabe uma pergunta: entre os R$ 4 bi disponibilizados pelo PAC da Copa – a principal razão da briga de Curitiba pelo Mundial – não cabe orçar uma passarela na região?

Vamos seguir analisando o quadro num todo. É fato que o Atlético está sem opções para mandar seus jogos e que o Governo e a Prefeitura não mexeram um dedo para ajudar na solução, bem como há rompimento entre as diretorias do Trio de Ferro, pelos motivos já conhecidos. Mas há outra conta que pode ser feita: o CAP pagou ao Corinthians-PR R$ 20 mil de aluguel de campo, como está no borderô disponível no link. Como já citado, o Atlético tem cerca de 17 mil sócios. Cada um pagando R$ 70 mensais, enquanto o valor atribuído em borderô é de R$ 10. Claro, o sócio tem acesso a todos os jogos, o valor serve para cobrir as despesas dos ingressos – promocional para sócios – ao longo de um mês. Em fevereiro, por exemplo, o Atlético terá, contando o jogo com o Roma, quatro jogos em casa. A despesa, portanto, será de R$ 40, com R$ 30 ficando para o clube. A tarifação da FPF e da arbitragem, entre outros, entra na conta que o clube tem como prejuízo: R$ 9165,91.

No entanto, arredondando os números, 13.500 sócios estimadamente ficaram de fora do jogo, supondo ainda que estejam com a mensalidade em dia. São R$ 945.000,00 por mês, que certamente não cobrem o pedido público do Coritiba por jogo (R$ 250 mil) mas que possibilitaria um acordo mais justo e rentável entre as partes, sem a necessidade da justiça. Ou ainda na Vila Capanema, talvez não pelos R$ 30 mil oferecidos, talvez não pelos R$ 120 mil pedidos pela diretoria paranista. Resta ainda uma pergunta: apelando para o coração dos associados, o quanto a diretoria do Atlético vê ser necessária uma retomada de negociações? Quem sabe até aproveitando o embalo da nova campanha de marketing do Coxa, “Amo minha terra, torço pelo meu Estado”, que prega união e amor as coisas do Paraná – e pode dar um passo real fora de campo.

Aqui, não verso sobre a disputa judicial entre FPF e Coxa; essa opinião já foi emitida acima e foi a grande mola do desgaste. E a novela segue uma vez que a resposta do STJD, que sairia quinta, ficou pra sexta e passou o final de semana sem aparecer. E quando vier poderá causar até mais problemas do que soluções.

Um deles: entre os jogos de fevereiro no Janguito Malucelli, está o Atletiba de 22/02, uma quarta de cinzas. O estádio não tem iluminação e como antecipou Amilton Stival, vice-presidente da FPF, poderá receber torcida única no jogo.

Quem sofre é você, torcedor. É a família de André Lopes, para qual nenhuma das linhas acima servirá como consolo ou reflexão; é o consumidor, tratado para cima e para baixo como objeto, mas quase sem nenhum direito; é o cidadão, que acredita em um futuro melhor, mas vive sob a sombra do descaso dos governantes – que, não se esqueça, esse ano precisarão muito de você em outubro.

Abrindo o Jogo – Coluna no Jornal Metro Curitiba de 18/01/12

Sucessão de erros

A dúvida sobre onde o Atlético irá jogar é um atestado de incompetência para a gestão do futebol paranaense. Sem exceções. A Copa 2014 é fato na Arena desde maio de 2007, quase 5 anos atrás. Deixou-se para pensar em um palco para o Atlético, que cede seu estádio ao evento da Fifa e da cidade, na última hora. Então, ao invés de os dirigentes sentarem e negociarem sobre como o Couto, que comporta o número de sócios do Atlético, poderia ser usado, buscou-se um recurso jurídico, tentando empurrar goela abaixo do Coxa a decisão. Se a intolerância pelo tema já existia do lado alviverde, aumentou. Com razão. Por outro lado, o Coritiba poderia ter tido menos resistência e, negociando um valor de R$ 100 mil/jogo (especulado nos bastidores), embolsado R$ 7 milhões em um ano e meio. É quase o valor das cotas de TV antes de 2011. Bastava que os caciques conversassem e entrassem menos na rivalidade das torcidas. Ao partir para a Vila Capanema, faltou previsão, já que o estádio ainda carece de laudos. E agora se fala em inversão de mando na primeira rodada, com o Londrina recebendo o Rubro-Negro, para só vir a Curitiba no segundo turno. Se em 5 anos não resolveu-se, haverá solução até lá?

Três lados da mesma história: Atlético

O Atlético tem suas razões ao buscar uma morada, embora seja senso público que o Furacão pinta como o vilão da história. Não é. Colabora com um evento que é da cidade e de um parceiro comercial dela, a Fifa. Não se nega os benefícios que o clube terá, mas também não se pode ignorar o ônus, desde a saída da Arena até a gestão da mesma no pós-Copa. Um estádio padrão Fifa para disputar campeonatos deficitários como o Paranaense não é barato. Buscou refúgio na FPF, mas não encontra solução. E quem vai sofrer? Os sócios: seguirão pagando e não sabem se terão como acompanhar o time. E torcedor apaixonado não vai ao Procon.

Três lados da mesma história: Coritiba

Dinheiro não é tudo e o Coritiba se sentiu ofendido com o rumo que a história tomou. Vilson Andrade não é homem de duas palavras; assumiu, anteriormente, que poderia conversar e negociar no caso, mesmo a contragosto da torcida. O Coxa poderia embolsar um alto valor, valorizar espaços publicitários e movimentar bares e lanchonetes. Mas a imposição via FPF pegou mal. Ninguém aceita esse tipo de decisão goela abaixo. Nesse mesmo Jornal Metro, Vilson disse que não cederia mais. O Coxa se sentiu ferido e buscou seus direitos – terá que seguir buscando, pois está sob liminar. Como a FPF tomou frente no caso, uma conversa com o Atlético poderia acertar tudo. Mas ficou distante. E, convenhamos, não é problema do Coritiba.

Três lados da mesma história: Paraná

O Paraná sempre se colocou a disposição. Está com o estádio parado por três meses – pior: o clube só tem competições após o mesmo período – e um dinheiro faria bem. Foi procurado, ouviu uma proposta e fez outra. Age certo. Negociar é assim: tem que ser bom para ambos. E o que vale para os acima, vale para o Tricolor.

E o futebol?
Dentro de quatro dias, a bola rola. Mas pouco se vê ou sabe dos times, dos artistas que movimentam essa paixão. O noticiário está preso à burocracia. É fácil imaginar o ano de 2012 para o Trio, salvo mudança: o reflexo do que se vê fora de campo aparece no gramado. Me cobrem em dezembro, após o Brasileirão.

*Os tópicos da coluna de hoje são uma referência a máxima de que uma história sempre tem três lados: o seu, o meu e o verdadeiro. E também ao ótimo disco Three Sides of Every Story, do Extreme. Abaixo, uma faixa dividida em três, que dá título ao disco:

O mistério vai além

Se tem uma coisa que eu nunca fiz em 10 anos de militância na imprensa esportiva foi pegar no pé de treinador que resolve fechar o treino para os repórteres. Acho isso o cúmulo da ingerência no trabalho de outro. Se o método dá resultado, é o que importa. De mais a mais, já fui repórter-setorista nos três clubes e sei que 90% dos colegas estão sempre muito mais de olho nas pernas de uma ou outra jornalista do que se o técnico mesclou times A e B no coletivo, com esquema 6-2-2.

O que é bem diferente de perceber um sintoma: com o treino fechado e o mistério para o jogo de hoje, o técnico Roberto Fonseca dá pistas de que começa a não ter segurança nas ações que vem tomando. Pudera: são três derrotas nos últimos quatro jogos em casa. E o Paraná que se reinventava na Série B, deixou o G4, motivo suficiente para muitos acharem que já há crise na Vila.

Na reportagem abaixo, de Henrique Giglio para o Jogo Aberto Paraná e hoje (anote aí: segunda a sexta, 12h30, na Band Curitiba, canal 2), você vai conferir a preparação final do Tricolor para o jogo contra o Boa Esporte-MG:

Eu vou além: não divulgar a equipe não é o único mistério acerca da Vila Capanema recentemente. Outro é: como se dá a relação de Roberto Fonseca com os jogadores? Há quem diga que não é das melhores. Só posso me fiar no que disse Serginho, volante do Tricolor, quando falou comigo pela última vez, garantindo que não há e nunca houve nada. O que está bem claro é que o time caiu de rendimento.

Há outro mistério: quem quer Fonseca longe da Vila (além de alguns torcedores, irritados com os resultados recentes)?. Em um café da manhã com um influente conselheiro, soube que há um grupo disposto a “rachar” os salários de Geninho, entendendo que o campeão brasileiro da Série B em 2000 é o único que pode reconduzir o Paraná à elite nacional. Tudo extraoficial, mas já ouvi gente dizer que Fonseca não passa de hoje, não importando o resultado.

Não acho que seja essa a solução. Se o problema é o primeiro – relacionamento – o Paraná deve agir com rigor e afastar os focos de insatisfação. Esse mesmo elenco já deu mostras do que pode ou não fazer. Convenhamos, não é muito. Alguns reforços seriam obrigatórios para brigar pelo acesso.

Além de que, sem esquecer que o Paraná está rebaixado para a Série Prata Estadual, e se o TJD-PR não entender culpa do Rio Branco no Caso Adriano (como já o fez uma vez), o calendário do Tricolor será desastroso, com nada a se disputar de janeiro a maio e dois campeonatos duríssimos, um pela logística, outro pela qualidade, no segundo semestre de 2012? E sem dinheiro no bolso. Arrumar mais uma dívida com um treinador que, bem ou mal, deu resultados, é o caminho? Com o caixa vazio, é difícil pensar no ano que vem.

Aí sim, será um mistério saber como agir.

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Muito barulho por nada

Eu sei, eu sei. Nós da imprensa nem sempre acertamos. Somos humanos, assim como você. Mas tem horas que até eu confundo o que é erro e o que é barulho gratuíto.

Parece ser o caso do Paraná.

Nenhum clube dos 50 maiores do Brasil (bem, talvez o Santa Cruz) passou o que o Paraná passou no primeiro semestre desse ano. Rebaixamento no Estadual, crise moral e técnica. Mas, quem diria, é G4 na Série B.

O time tem suplantado carências diretivas; profissionais liberais abraçaram o marketing e a comunicação do clube; os jogadores que chegaram passaram a dar resultado. Tudo na base da vontade.

É lógico que a fase é melhor, bem como é lógico que numa competição como essa, haverá bons e maus momentos. E nesse momento surgem as especulações.

É papel da imprensa questionar; é papel dela investigar. Mas há quem confunda isso.

O volante Serginho esteve no Jogo Aberto Paraná hoje para falar do momento do Tricolor. E desabafou: “Não tem crise nenhuma, tão querendo inventar isso”.

Veja a entrevista abaixo – feita com as perguntas objetivas, sem fugir dos temas, mas sem fazer barulho por nada. E de bônus, tenha um pouco mais das nossas Kelly Pedrita e Carol Boa de Bola.

O Jogo Aberto Paraná é exibido de segunda a sexta, 12h30, na BandCuritiba. Assista!

Reportagens: Jogo Aberto Paraná 08/08/2011

Atlético

O Furacão saiu na frente, mas cedeu o empate ao Corinthians. Ainda assim, o técnico Renato Gaúcho considerou bom o resultado. Veja os melhores momentos e comente!

Paraná

O Tricolor perdeu em casa para o Barueri na última rodada da Série B; para Roberto Fonseca, só Deus explica. Assista os lances e concorde ou discorde dele:

O Jogo Aberto Paraná é exibido de segunda a sexta, 12h30, na BandCuritiba. Acompanhe!

Paraná: Jefferson Maranhão fala ao Jogo Aberto Paraná

Jefferson Maranhão, possível titular no jogo de hoje entre Paraná e Grêmio Barueri, admite possibilidade de atuar no meio, com Borebi e Giancarlo a frente. Roberto Fonseca definirá pouco antes da partida na Vila, 21h.

Maranhão ainda alerta sobre os jogos seguidos em casa (Barueri e ABC): “Temos que fazer os seis pontos”. Confira:

O Jogo Aberto Paraná é exibido de segunda a sexta, 12h30, na BandCuritiba. Acompanhe!