Uma dolorosa lição

Por fora, bela viola...

A Fifa anunciou as sedes da Copa das Confederações 2013 e o número de jogos que cada uma das 12 cidades-sede da Copa 2014 receberá no Mundial.

E Curitiba saiu derrotada do processo.

A cidade, que no discurso dos políticos esteve sempre cotada para estar na Copa das Confederações, não ficou nem na suplência, casos de Recife e Salvador. Optando por Brasília (abertura), Belo Horizonte, Fortaleza e Rio de Janeiro (final), a Fifa deu um recado claro à Curitiba (e ao Sul do País, que nem Porto Alegre emplacou).

Ou melhor, deu dois recados. O outro foi a equiparação de Curitiba a cidades como Manaus, Cuiabá e Natal, todas insípidas no histórico futebolístico. Das três, conheço duas: Manaus e Natal. A segunda é bem planejada e com belas praias, turística. Tem seus problemas, como todas, mas não fica tão atrás de Curitiba em infraestrutura; já Manaus é um caos. Estive por lá para transmitir Holanda-AM 1-2 Coritiba, pela Copa do Brasil 2009. Tudo, do estádio a urbanização, precisa ser refeito.

E essas cidades só receberão quatro jogos do Mundial:

Curitiba não estará na segunda fase do Mundial

Concordemos que a Copa das Confederações estava nos planos somente dos mais entusiasmados. Mas receber apenas quatro jogos no Mundial é um acinte para quem se diz moderno e preparado, como é o caso do povo curitibano. De fato, a cidade em si não deve nada a muitas outras que ficaram mais bem posicionadas no Mundial. É melhor urbanizada que BH e Porto Alegre e mais populosa que a última; tem mais força desportiva que Brasília, cujo principal time disputa a Série C. O mesmo vale para Fortaleza, embora o cenário do futebol tenha crescido por lá recentemente.

O que atrapalhou Curitiba foi o crônico problema do autofagismo. Criou-se um fantasma na cidade: “a Copa é do Atlético”. Errado.

A Copa é da cidade. É para ela e seus hotéis, restaurantes e praças que o turista virá; é para Curitiba que serão feitas mudanças urbanísticas, desde o aeroporto até o já anunciado futuro metrô (lusitanamente programado para depois da Copa). O estádio é um meio, não o fim. E sim: o Atlético, único a apresentar um projeto coeso na época da candidatura (ou você compraria um carro usado de Onaireves Moura?), vai ser beneficiado com as obras.

Assim como a construção da Vila Capanema, com participação da prefeitura no passado – tanto que segue o litígio pela rodoferroviária – como o Pinheirão, com terreno da prefeitura, que pode até se tornar uma nova praça esportiva no futuro. Mas, curitibanamente, é melhor ver o vizinho mal do que todos progredirem. Chega-se ao absurdo de se propagar campanha para que Florianópolis pegasse a sede daqui. Tsc.

Não se defende aqui, de maneira nenhuma, desvio de verbas ou má gestão de recursos públicos. Para isso é que existe o TC, a procuradoria e, por que não, a imprensa, nem sempre simpática a olhos clubistas, mas cumpridora do seu papel, doa a quem doer.

A questão é política. Curitiba deixará, por não ser coesa na idéia, de aproveitar as benesses que terão outras cidades. O legado poderia ser maior. E tenho certeza que a lição não ficará para o futuro. Infelizmente, é da cultura do curitibano menosprezar o local e minar o crescimento do vizinho.

A derrota é de todos. Mas é claro que é ainda maior para os homens públicos que conduziram mal o processo.

Limão e limonada

Ruim como está, pior sem. Decepção a parte, é hora do povo da cidade acordar para o futuro. Curitiba jamais deixará de ser a quinta comarca paulista se não caminhar para um só lado. Ao invés de comemorar o fato de que a cidade só receberá quatro jogos por alguma razão pessoal, que tal pensar em como melhorar o ambiente, como cobrar os responsáveis?

A Copa vem de qualquer jeito. Um plano de negócios visando turistas, a reclamação junto aos responsáveis por transparência no uso dos recursos públicos, a realização de obras que visam a Copa mas devem ir além, sem exclusão social, tudo isso é papel da população.

Somos ótimos em protestar contra o Dunga quando a Seleção perde (e contra jornalistas quando achamos que o que ele escreve não nos agrada) mas péssimos em cobrar de nossas autoridades, funcionários públicos colocados lá com nosso voto, trocam os pés pelas mãos.

20 comentários sobre “Uma dolorosa lição

  1. Napoleão, a copa pode não ser do Atlético, mas a forma conduzida por nossos políticos e principalmente o dinheiro público da forma com que será utilizado deixaram as pessoas de bem enojadas ! Se o Atlético pagasse ao menos uma boa parte da reforma em seu estádio, a população poderia pensar diferente, mas do jeito em que está não tem como um torcedor de Coritiba e Paraná apoiar. É incrível, todos querem que a população caminhe em uma só direção, desde que seja na direção do Atlético. Uma vergonha ainda maior alguns na imprensa fecharem os olhos para o uso errado de dinheiro público nesse projeto.

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    1. Rodrigo, bem-vindo!

      Você tem total razão. A condução do processo desde o começo foi errada por parte de quem efetivamente gera o processo.

      De resto, tanto nós na imprensa, quanto o cidadão comum, tem de fiscalizar esse uso dos recursos. A priore, o potencial construtivo não representa dinheiro público e o Atlético já tinha 60% do estádio e paga 33% do restante, mas há questões nebulosas como as desapropriações, por exemplo. Seguiremos atentos e cobrando.

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  2. Opa. vc só erra e feio em falar que o Coxa vai ganhar o terreno da prefeitura.
    o Terreno é da FPF e vão pagar 60 ou 80 milhões.
    O Coritiba nunca teve privilégio de prefeiura ou governo. Alias todos projetos que entregaram do Couto foram vetados.
    Faltou vc falar daquele terreno do atletico que foi vendido ao governo, aquele na divisa de SJP.
    O problema todo que todos estao vendo que o Governo eta investindo SIM na obra particular.

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    1. José, bem-vindo!

      Onde eu falo que o Coxa ganhará terreno da prefeitura?

      O que está dito ali é que o terreno do Pinheirão foi doado prefeitura e isso é fato. Tanto que há a obrigatoriedade de se erguer um estádio lá, pois é da lei da doação.

      É verdade sim que houve veto a uma reforma na Mauá, assim como houve a troca dos terrenos do atual CT do Atlético pela obra na divisa Ctba-SJP, mas não vejo relação com o tema. Excluí o clubismo da discussão porque entendo ser cultural nossa conduta.

      Abraços!

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  3. Curitiba deveria estar na copa das confederações e ter jogos também na segunda fase da copa do mundo, mais eu já sabia que isso iria acontecer, uma cidade do porte de Curitiba deveria ser mais valorizada, eu não vi nos últimos dias o governador Beto Richa precionar o Ricardo Texeira( ou sei la quem) para que nossa cidade fosse mais lembrada na copa, mais é isso ai, em 2014 vai ter quatro jogos aqui vai ser mais ou menos assim (Iraque X Grécia, Costa Rica X Austrália), só jogão desse naipe…Que pena que não temos representantes a altura para precionar o comité da copa no Brasil.

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  4. Napoleão não sei por que perde tempo escrevendo
    “O que atrapalhou Curitiba foi o crônico problema do autofagismo”
    Olha ai o exemplo de Rodrigo Mendes e Jose Silva Matos
    Você acha que esses dois prestaram atenção no texto? Eles só procurão denegrir o que é feito como seu texto, benfeitorias para a cidade, melhora no transporte e assim por diante.

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  5. Parabens Napo, até parece que o texto estava pronto, bom pelo menos o meu estava, quando o CAP apoiou o Koff, era certeza disto…

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  6. Napoleão, sempre que o Governador Pessuti (grande incentivador da copa em Curitiba e atleticano), tratava do tema na imprensa ele focava muito no CAP, deixava de lado o PC, CFC. Suas declarações eram para os atleticanos e não para os Curitibanos.

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    1. André, bem-vindo!

      Sou totalmente a favor, desde que a negociação seja bem feita (e pelas informações que eu tenho está sendo) pelo clube, sem amarrar a institução financeiramente além do previsto.

      Uma praça moderna, em uma região já central, problemática atualmente, mas com muito potencial. Um upgrade para o Coritiba, para Curitiba e para o futebol do Estado num todo, já que teríamos duas modernas arenas esportivas. Ambas com conforto ao torcedor, boas condições de trabalho e potencial de arrecadação.

      Lamento apenas o Paraná Clube não estar inserido nesse processo, mas a coisa na Vila Capanema está ainda precária na condução do clube, os problemas hoje são outros, que a distância para um projeto desses pode se tornar irreversível.

      Abraços!

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  7. Concordo plenamente contigo, sou Coxa, mas sou completamente a favor da Copa em Curitiba. Estamos deixando o bonde passar.

    Infelizmente o processo inteiro foi conduzido de forma errada, e agora teremos que ver os jogos importantes da Copa pela tv.

    Sempre fui contra ao investimento público em estádios, até porque existem inúmeras maneiras do estado “ajudar” .

    Acredito eu que o orgulho exagerado de ambas torcidas de nossa cidade acabaram influenciando nessa catástrofe. Sim, receber 4 míseros jogos sem importância é uma catástrofe. As pessoas que conduziram o processo também agiram mais como torcedores do que como gestadores.

    É o preço que se paga por pensarmos mais em clubes do que na sociedade, é o preço que pagamos por votarmos em vereadores pela cor da camisa e não pela plataforma.

    Ano que vem teremos eleição novamente, e tudo continuará da mesma forma. triste, mas é a nossa realidade.

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  8. Napo, belo texto! Muito bom. Este autofagismo curitibano é uma praga difícil de tratar. Não gostaria de fazer propaganda pra ninguém, mas Lerner conseguiu tratar muito bem deste nosso problema em sua administração. Hoje me dou conta de como estávamos adiantados na década de 90, principalmente na primeira metade. Não me refiro ao futebol, mas a cidade em si, que mesmo sendo menor possuia uma marca forte, marketing, e uma vida cultural efervescente. Curitiba era reconhecida, tínhamos shows internacionais que hoje passam reto pelas araucárias, dando só um exemplo.
    Porém, o negócio da Copa aqui começou já errado. O maior culpado, foi sem dúvida a falta de vontade do nosso governo. Eles realmente não compraram a ideia. A começar pelo desdém de nosso antigo governador e a calma e passividade do nosso atual. A falta de visão do nosso atual prefeito, que está mais ouriçado com o discutível metrô que ironicamente ficará pronto após o mundial, como vc escreveu.
    O Cap comprou a ideia e mostrou o projeto, depois, tirou o corpo fora com Marcos Malucelli, jogando pro colo do poder público. Este, por sua vez, devolvia pro Cap, nesse ping-pongue que demorou quase um ano e meio. Somada a gestão fraca de Mario Celso Cunha e dos dois atleticanos e ministros paranaenses, que poderiam nos dar mais representatividade Paulo Bernardo e Gleisi.
    Outro fato interessante foi a falta de marketing ao vender essa ideia pra população. Essa comunicação falha se deu a entender sim, que seria uma Copa do Atlético. Quando seu secretário responsável é conselheiro do Cap e diz de uma equivocada que “quem é contra, está com inveja”….Inveja do que? O que ele quis se referir com isso? É salutar pronunciar algo assim???
    Tudo foi e está sendo muito amador…Essa outra questão de que precisamos da Copa para que as melhorias na cidade ocorram, é o fim. Estamos tão acostumados a dizer isso que nem nos damos conta da graviade de tal afirmação…
    Infelizmente, triste desfecho.

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  9. Eu discordo, pra mim a copa é do CAP sim e estou me lixando pra ela. O governo brasileiro e o resto do povo nunca ligaram pra Curitiba, por isso sobrou os restos pra nós e pra ajudar nossos políticos não tem influência nenhuma… E aí a gente vai sair comemorando e celebrando, fingindo que o resto que nos deram é a melhor coisa do mundo? Obrigado, mas eu tô fora!

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  10. Acho ótimo debater com pessoas que defendem essa VERGONHA, basta fazer as perguntas certas:

    O que você prefere, comprar um carro por 40 mil ou me dar 10 mil para “inteirar” o meu carro e você andar de carona?

    Se o benefício da Copa é tão grande quanto falam, porque a prefeitura e o Estado não investiram na construção de um Estádio no Tarumã? Se vamos receber bilhões com a Copa, qual o problema de investir 1 bilhão e garantindo o patrimônio público?

    Esse papo de economia é ridículo, beira a insanidade, 40 ou 10?

    Você mesmo se contradiz Napoleão, a Copa é de Curitiba, desde que seja no meio estádio. O IPUCC vetou o projeto do Coritiba para não criar concorrência com o projeto do CAP, Estádio onde existe estádio não pode, estádio em encruzilhada pode…TUDO sempre foi conduzido como se o projeto do CAP fosse a única alternativa, e nunca foi, até porque tudo que teve que ser feito para garantir que ele PUDESSE ser viável já justificaria qualquer outro projeto.

    A população de Curitiba não quer a Copa porque essa idéia não tem LEGITIMIDADE, apesar da tão propagada “engenharia financeira”, nada do que foi feito ou falado foi suficiente para convencer as pessoas de que tudo isso tinha outro objetivo além de garantir um novo estádio ao CAP, novo sim, porque convenhamos, sozinhos, nunca teriam o que terão depois da obra pronta.

    O pior é ver esse clube que cresceu apropriando-se do público ainda posicionar-se como chantagista perante o poder público, ridículo.

    E tem mais, tenho absoluta certeza de que em algum papel desse amontoado de maracutaia, existe uma cláusula que garante ao CAP restituição de prejuízos, se alguma coisa der errado, assim como aconteceu com a FPF, não sei nem se não é esse o objetivo, afinal, tendo Copa ou não, para o CAP o que realmente importa é o Estádio, e o patrimônio “tomado” do povo.

    Vou fazer um churrasco lá em casa, tragam cerveja, refri, carne e carvão, e tragam também R$ 50,00 cada um, para que eu possa construir a churrasqueira.

    E vejam, ainda nem entramos na questão da Copa pela Copa, num país que é carente de serviços básicos como saúde, educação e segurança, porque contratando médico e professor não tem como lavar dinheiro pra campanha, e burro e sem visão sou eu…hehe….

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    1. Luiz, bem-vindo ao blog e ao debate!

      Temos que voltar a origem do assunto para entender o processo: o Brasil é um país que teria uma Copa e uma Olimpíada entre as prioridades?

      Definitivamente, não.

      Beira o contrasenso você olhar a miséria ainda predominante no país e olhar a quantidade de recurso não só aqui no PR, mas em todas as sedes, para os eventos. Assim como assusta ver o Brasil emprestando dinheiro ao Haiti. Parece que está sobrando, certo?

      Mas, na verdade, o que os governo Lula e Dilma querem (vamos ficar na base teórica, sem adentrar muito nos desvios, ainda) é fortalecer a imagem do Brasil lá fora. Mostrar pujança e atrair investimentos. É duvidosa a estratégia, mas ela foi tomada com o aval do povo que colocou esse governo lá. E enfim, concluímos: a Copa vem, gostemos ou não. É fato.

      E a minha crítica é de que nós, paranaenses, nunca entendemos (muito pela condução do processo no todo) que a concorrência não era interna e sim externa: é melhor ter o maior evento do Mundo no nosso quintal ou no do vizinho? Quem vai ter mais possibilidades de lucrar, já que o evernto sairá de qualquer maneira: Curitiba ou Fortaleza? Ou Brasília? Nós nào demonstramos união em momento algum e em área alguma. E agora ficamos com as migalhas.

      Não vejo contradição no que eu disse e tampouco disse que “a Copa é de Curitiba desde que seja na Arena”. O que eu disse é que o único projeto coeso foi o do Atlético. Veja o Pinheirão, caso que tenho acompanhado bem de perto: ainda está enrolado. E o projeto do OM era para lá de duvidoso. Coritiba e Paraná não se apresentaram. O que tinha e foi aprovado era o da Arena. Que sim, foi mal conduzido o tempo todo.

      Seria hipocrisia negar que o Atlético sai ganhando (e muito) com o evento. Mas e o posicionamento dos demais? O Paraná nada faz; o Coritiba já trabalha o novo CT e em pelo menos duas entrevistas que me deu (e estão aqui no blog mesmo) VRA assume que a Copa é uma grande oportunidade de crescimento. É o que eu falo: a oportunidade está aí. Mesmo reduzida, ainda é boa.

      A engenharia financeira é confusa, mas no que tange o recurso público, tem dois lados: o potencial construtivo não é capital público. Ao contrário: a negociação traz benesses a cidade, já que se entende ser “solo criado”, valorizando IPTU e trazendo novos impostos. No entanto, não estão claros os métodos de desapropriação, nem a área correta, tampouco como o Atlético/MCP irá arrecadar/financiar o valor que lhe cabe na obra (lembrando que a divisão 33/33/33 não conta a área já construída). Como sempre, estou atrás das informações, com responsabilidade. É papel da imprensa. E até por isso mesmo não posso falar de suposições, como cláusulas, etc.

      Repito: a crítica do texto é pq Curitiba não entendeu a oportunidade diante de seus olhos.

      Sobre as brincadeirinhas no comentário: se eu não tivesse como comprar um carro, mas precisasse ir todos os dias para o mesmo lado que você, faria um acordo bancando a gasolina. Mas você iria se incomodar, pq sempre teria que me levar. E quanto ao churrasco, é só convidar e batemos esse papo mais a fundo.

      Abraços.

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  11. Boa Napoleão:

    Vou usar teus próprios argumentos:

    – “Nós nào demonstramos união em momento algum e em área alguma. E agora ficamos com as migalhas” – e a desunião surgiu justamente porque não há legitimidade, tanto o governo municipal quanto o Estadual, SEMPRE demonstraram estar mais interessados em garantir que a Arena fosse a sede da Copa, do que com a própria Copa.

    Me intriga essa idéia de que quem é contra a Copa (nesse molde formatado por Curitiba) é autofágico, mas que quem colocou o CAP como prioridade ao invés de pensar na coletividade, não o é, concorda? A competitividade (e por consequência o autofagismo) foi semeada justamente por quem idealizou a proposta, querem o que? que achemos tudo lindo e maravilhoso?

    Nossos prefeitos e governadores (atleticanos, por coincidência) envolvidos, jamais pensaram: “sim, realmente é uma grande oportunidade, vamos aproveitá-la da melhor maneira possível”, preferiram pensar: “sim, vamos ajudar o CAP a atingir seu objetivo”, e assim, transformaram a “Copa da Curitiba” na “Copa do CAP”, você pode até discordar disso, mas esse é o sentimento da população.

    – “Veja o Pinheirão, caso que tenho acompanhado bem de perto: ainda está enrolado” – AINDA está enrolado? há quanto tempo estão negociando a situação da Arena? qual dos projetos está mais enrolado? A diferença é que no Pinheirão, existem poucos interessados, se o “lobby” aplicado para “salvar” a Arena tivesse sido aplicado ao Pinheirão, teríamos resolvido tudo há tempo, mas isso interessaria a quem?

    – “Se eu não tivesse como comprar um carro, mas precisasse ir todos os dias para o mesmo lado que você, faria um acordo bancando a gasolina” – ok, quem disse que você não tem como comprar um carro? eu pedi pra você escolher, entre comprar um carro de 40 ou me dar 10 pra eu comprar o meu, o Estado do Paraná e a Prefeitura de Curitiba, juntos, não tem condição de construir um Estádio? veja, a idéia de me dar os 10 mil você não aceita, mas a do Poder Público “dar” ao CAP temos que achar normal, ao invés de construir estádio pra eles, vamos pela tua, só a “gasolina”, que poderiam ser os incentivos fiscais, e cada um com os seus problemas…parece óbvio não?

    Quanto a estratégia política concordo com você em 100%, temos um governo histórico que vive de desculpas e promessas, estão sempre pensando no futuro, presente, só pra eles…quanto ao “aval” concordo, superdimensionamos o futebol nesse país ( o mesmo cidadão que elege esses vagabundos, é o cara que está achando lindo, por exemplo, a Cidade de Cuiabá investir um caminhão de dinheiro em um Estádio de Futebol), ele não é tão importante quanto parece, hoje, assim como em todas as outras Copas, vamos viver (principalmente pela Copa ser aqui) durante 3 anos de OBA-OBA, e quando o Brasil for eliminado, ouviremos o famoso narrador dizer que “é só um jogo de futebol”…hehe…

    Pão e circo Napoleão, novidade pra você? Fora o baile né, a Copa mais cara da história, no país dos desdentados, e os donos de restaurante no Brasil achando que vã oficar milionários em 10 dias…

    Excelente debate, muito bom seu blog.

    Um abraço.

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    1. Não, nenhuma novidade. É assim que acontece há muitos anos, muito antes de qualquer um de nós estar aqui.

      Eu acho que a condução toda do processo é errada, tanto que mesmo procurando falar em causas e consequências, boa parte dos comentários aqui acabam caindo na questão “CAP ou não-CAP”. E é exatamente isso que é o errado e que o texto critíca. Não necessariamente você precisa ser CAP para entender os benefícios que a Copa pode trazer a Curitiba e é essa condução mal feita que induz esse pensamento.

      Vou lhe passar outros dois pontos de vista:
      1) um estádio público precisa ser gerido pelo Estado pós-Copa. Teríamos um elefante branco ou, como é o mais racional, um clube teria que usar. E aí este estádio seria 100% pago pelo governo, partindo do zero, e dado ao uso privado. É certo? Não. Tanto faz o clube, não me apego a bandeiras. O ponto é que alguém sairia ganhando. O governo optou pelo Atlético, talvez até pelo que você disse mesmo, mas, convenhamos, a custo mais baixo do que partir do zero. E, repito, nenhum investidor apareceu com outra proposta antes da OAS/Pinheirão/Coxa. Esse é o porque principal da Copa ser na Arena. E ninguém pode ser hipócrita e negar que o Atlético é sim beneficiário, mesmo tendo plantado para isso.

      2) Os gaúchos estão discutindo a mesma coisa que o texto propõe: porque Porto Alegre ficou tão coadjuvante na Copa? E li uma coluna interessante, confesso que não lembro o autor, mas que, entre outras coisas, diz o óbvio: que turista quer vir a Porto Alegre ou Curitiba? Nossas grandes atrações estão no Nordeste. A Copa é mais que estádio e ruas bem urbanizadas; é um grande negócio e cidades como Fortaleza são mais atrativas aos olhos da Fifa e do exterior. Sem contar que movimenta-se mais dinheiro em um local que precisa ser totalmente reformado do que em um semi-pronto.

      Por fim, só para deixar claro: dizer que o Pinheirão está enrolado não significa dizer que a Arena não está. Rolo é o que não falta.

      Obrigado pelos elogios e seja sempre bem-vindo.

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  12. Napoleão,

    Agradeço por se dispor a responder meus comentários, esse blog vai longe, boa sorte.

    Eu entendo perfeitamente o teu ponto de vista, inclusive, na minha ótica, esse “novo Pinheirão” poderia servir á todos os clubes, e as áreas onde hoje se encontram o J.Américo e o Couto Pereira, serem aproveitadas pelos clubes, próximo ao que o CFC está tentando fazer agora. Não precisariamos usar o “modelo Engenhão”, e até nesse projeto, incluir o Durival Britto, porque não? Não resta dúvida que tanto a área do Pinheirão quanto a do Capanema, revitalizadas, trariam um grande benefício à cidade, não é? Poderíamos ter um estádio padrão FIFA no Tarumã, e outro, no estilo simples-funcional, no Capanema, e ambos atenderiam aos 3 clubes, um Estádio para 25mil pessoas é o suficiente para a maioria dos jogos do Paraná e muitos da dupla atletiba, concorda?

    Mas acho q isso seria exigir demais da nossa “vontade política”, o autofagismo é muito mais forte, até que os clubes percebam que juntos ganham mais do brigando entre eles.

    Sobre a “atratividade” de Curitiba, não há o que discutir, apesar de Foz do Iguaçu ser um dos principais portões de entrada de estrangeiros e possuir uma excelente rede hotelelira, e Curitiba ainda conseguir se vender como capital-modelo, estamos muito distantes da realidade mercadológica, turisticamente falando, do Nordeste Brasileiro, e não há o que questionar nesse ponto, principalmente quando falamos que um dos focos principais, falando em Copa do Mundo, é o público europeu, não dá pra competir, mas ainda assim, podemos tirar proveito.

    A Copa virá, e mesmo que recebamos Ilhas Virgens x Andorra, serão jogos de Copa do Mundo, e os possíveis benefícios oriundos dela, poderão ser colhidos, mas é muito difícil você conseguir mudar a mentalidade dos torcedores do Coritiba, em função de “como o processo foi conduzido”, exatamente como você escreveu. E mais ainda, convencer as pessoas que não estão nem aí com o futebol, de que vale mais a pena investir, nesse caso de forma bastante polêmica e conturbada, dinheiro num Estádio de futebol do que num hospital, escola ou segurança pública, são dois perfis diferentes, mas que convergem com a mesma negatividade à proposta da Copa.

    As pessoas reclamam que brasileiro é acomodado, mas quando alguém se posiciona contra sempre existe um “lobby” político para tentar nos forçar a pensar de forma diferente.

    Tenho absoluta certeza de que, se o processo fosse conduzido da forma correta, como você bem sugere, não teríamos a Copa na Arena, mas no começo sempre foi tudo feito para que todos acreditassem que só assim era possível, MCP, CAP, governador e prefeito sempre disseram que estava tudo sob controle, mas foi um blefe, e um baita BLEFE, justamente para inibir qualquer outra proposta. Um blefe que deu certo, graças a conivência do nosso poder público, infelizmente.

    Sobrou colher o que vier, mesmo que seja, Tunísia x Uganda, é Copa do Mundo.

    Um abraço.

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