Couto e Atlético: desdobramentos

Atualizando o post abaixo com a informação agora pública de que o Atlético pediu à FPF o Couto Pereira e que a federação vai fazer o pedido ao Coritiba. Conversei há pouco com Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coxa, que disse o seguinte:

– A negativa tem como fundamento técnico o fato de o Coritiba ter realizado uma reforma recente no gramado e acreditar que a sequência de jogos pode danificar o piso.

– O Coritiba não pode habilitar a área das cadeiras, 5 mil lugares, sem a anuência dos sócios. O clube já recebeu notificações de proprietários pedindo que não disponibilizem a área ao Atlético.

As duas razões acima estão entre as apresentadas e protocoladas na FPF em um documento sigiloso, que é de acesso da FPF e dos clubes. Fiz duas perguntas a VRA:

1) Não há hipótese de acordo?

“Acordo tem quando nos procuram. Até agora, não fui procurado e eles sabiam desde o ano passado que iam precisar do estádio. Se vierem conversar, porque não? Mas assim, de jeito nenhum.”

2) E se a FPF forçar a barra via regulamento e normas?

“Vamos até a Justiça. Não vou aceitar isso assim. O Paranaense não termina se isso vier desse jeito.”

Como já havia dito aqui no blog, Vilson e Petraglia conversaram ontem. VRA diz que não recebeu consulta sobre o campo e sim uma conversa cordial.

Também tentei contato com Mário Celso Petraglia. O celular está desligado. No site oficial, nenhuma nova informação.

Update

Há pouco, na CBN Curitiba, o presidente da FPF Hélio Cury tornou público o que o blog antecipou no post abaixo. O pedido pelo Couto segue, com a FPF tentando acordo. O que disse Cury na CBN:

– O jurídico da FPF vai analisar recusa do Coxa; Hélio Cury quer ver documentação: “Quero ver os laudos. É bem claro que a FPF tem poder de requistar o estádio.”

“O valor do aluguel tem que estar dentro do bom senso.”

Atlético

O site oficial do clube traz a seguinte nota:

“(…) o Clube Atlético Paranaense encaminhou ofício ao Presidente da Federação Paranaense de Futebol, Dr. Hélio Cury, com cópia ao presidente do Coritiba Football Club, Dr. Vilson Ribeiro de Andrade, com a solicitação de permissão para utilização do Estádio Major Antonio Couto Pereira nas partidas das competições oficiais que o CAP disputará até a conclusão das obras da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.

Além das obras de adequação para o evento que será de todos os paranaenses, no ofício de requisição foram citadas outras questões como a quantidade de sócios torcedores do CAP, a dificuldade de locomoção dos mesmos para estádios de outras cidades e o fato de os jogos do Coritiba e do Atlético Paranaense não serem em datas conflitantes.

O CAP também aproveitou a oportunidade para deixar consignada a utilização da Arena da Baixada pelo Coritiba, caso este necessite efetuar reformas em seu estádio e/ou construir um novo no mesmo local. Ontem, o Coritiba enviou um ofício à Federação Paranaense de Futebol com cópia para o CAP justificando a sua negativa em relação à cessão do estádio.

Desta maneira, o Clube Atlético Paranaense aguarda a definição da Federação Paranaense de Futebol de acordo com os estatutos da FPF e o regulamento da competição.”

Update II:

Com a inestimável ajuda do editor de esportes da Gazeta do Povo, Rodrigo Fernandes – com quem debatia a viabilidade jurídica da exigência da FPF – segue mais um artigo com o qual o Coritiba deve estar atento e a Federação pode exercer. Está no Estatuto da FPF, da concordância de todos os filiados:

Artigo 46 do estatuto da FPF:

São obrigações das entidades de práticas desportivas
VII Ceder gratuitamente à FPF e às entidades superiores, quando requisitados, seus atletas e suas praças de desportos

Evidentemente, também é interpretativo. Pode se entender que é a qualquer momento, pode se entender que é para jogos de Seleção, por exemplo.

Consultando um membro do TJD-PR, questionei: e se o Coritiba não acatar a determinação, o que pode haver? A resposta: “Se houver essa interpretação, de que a FPF pode requisitar, o artigo é o 191 do CBJD: Deixar de cumprir requisição ou ato normativo da instituição de esportes a que estiver filiado: multa de R$ 100 a R$ 100 mil, com fixação de cumprimento da obrigação. Se for cometida por pessoa jurídica, as pessoas responsáveis podem ser suspensas do exercício da função.”

Seguimos de olho…

8 comentários sobre “Couto e Atlético: desdobramentos

  1. É uma palhaçada. O estádio é uma propriedade privada! E nem atlético nem a federação representam a vontade ou o poder público. Que absurdo.

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  2. Napoleão, gostaria de ver a FPF utilizar o inciso VII do art. 46.

    Ceder à FPF não significa ceder ao Atlético. São coisas bem diferentes. Completamente diferentes na verdade.
    É tão evidente que não se aplica este inciso que se assim fosse o Atlético poderia, via FPF requisitar um jogador do Ctba e este seria obrigado a ceder, sem pagar nada e utilizá-lo.
    Talvez estudar um pouco de direito de propriedade seria bom para a FPF.
    E mais será que a FPF está pronta para algumas centenas de Interdito que proprietários de cadeiras ingressariam contra ela?
    Na força o nem o Atlético nem a FPF conseguem o estádio.

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  3. “Não adianta empurrar que empurrado eu não vou.”

    Parece que não é só educação que falta aos dirigentes do Atlético e da FPF, falta também um pouco de conhecimento jurídico.

    É impossível alguém obrigar o Coritiba a ceder seu estádio ao maior rival. As normas da CBF e FPF não dizem o que agora eles tentam ler. O estádio é privado. Existe precedente qto a não cessão do estádio numa situação idêntica em Natal. Os dirigentes da CBF já falaram que essa regra não pode ser interpretada deste jeito. inúmeros coxas-brancas não permitirão que uma cessão ocorra. Existem sócios, proprietários de cadeiras, patrocinadores e torcedores que podem entrar na justiça contra uma arbitrariedade destas. Os moradores da região podem ajuizar ações contra a realização de um jogo destes no alto da Glória devido as proporções que o caso tomou e o risco de violência e selvageria. Poderia ficar o dia inteiro aqui enumerando formas que tornam impossíveis o ganho da causa pelo atlético, vão ter que mandar seus jogos no Janguito, ou se o Joel deixar, senão, o pessoal de Cascavel já disse que aceita.

    Não fosse a prepotência de alguns esta situação já poderia estar a muito solucionada, mas quem acha que pode tudo não se rebaixa para fazer negociações, tenta fazer do modo mais difícil.

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  4. Uma coisa é ceder para a FPF e CBF, outra coisa é a FPF e CBF ceder a terceiros… se for assim a FPF pode começar a alugar para shows e cultos, qualquer estádio do estado e passar a lucrar em cima de seus filiados…

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  5. Ceder à FPF significa ceder à FPF. Ponto final. O que a FPF vai fazer com o estádio NÃO diz respeito ao Coritiba. Como filiado à FPF, é obrigação do Coritiba cumprir o regulamento.

    Essa história do gramado é papo furado, Tanto é que o VRA disse que um acordo é possível. Ora, se a história do gramado fosse verdadeira, não haveria possibilidade de acordo.

    Creio que o Atlético fez o certo: indicou o estádio a quem de direito, no caso a Federação. A partir do momento que o Coritiba notar que pode ter que ceder o estádio gratuitamente (e não o fazendo, corre o risco de uma multa pesada), vai entender que R$ 250 mil NÃO é um valor razoável, e CAP, CFC e FPF irão conversar para a melhor saída.

    De qualquer forma, o CAP agiu da forma que deveria agir.

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  6. É lógico que toda a situação foi forçada pelo Coronel. Assim como foi citado em outro comentário neste mesmo blog. E isso é o que me deixa mais desgraçado da cabeça. O CAP teve 2 anos pra arrumar um lugar pra mandar seus jogos, e adivinha, deixou pra ultima hora, forçando um acordo que acho absurdo. Quem vê a situação de fora, acha que o CAP ficou sabendo mês passado que iria mandar os jogos da copa.

    Quanto a ironia (só posso interpretar como isso o comentário por ele postado) do rubro negro Anderson Corrêa, sugiro o seguinte:

    Tinha organizado um churrasco pra esse final de semana aqui em casa, nada de mais, umas 20 pessoas. Mas resolví dar uma reformada na churrasqueira e não vai mais dar pra fazer. Mas fica aqui meu pedido (e tenho certeza que o compreensivo amigo irá concordar) pra fazermos o churrasco amanhã na casa do Anderson.

    Aproveito aqui, pra convidar todos do blog.

    Amanhã então galera, TODOs na casa do Anderson no horário que ele responder a este post.

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    1. Bem, eu imaginei que tivesse explicado, mas vamos esmiuçar:

      1) Não há ironia no meu post;
      2) O Coritiba é filiado à FPF; o filiado à FPF tem DIREITOS e DEVERES; a cessão do Couto Pereira pelo Coritiba é simplesmente um DEVER.

      Agora, vamos deixar de ser um pouco ingênuo e vamos ligar alguns pontos, que tal?

      1) MPC e VRA são amigos de longa data. E amigos não “ferram” amigos.
      2) Os sócios do Coritiba NÃO querem a cessão do Couto Pereira. Isso significa que politicamente seria ruim para o VRA negociar a cessão do estádio para o Atlético/PR. Seria visto como um traidor da torcida alviverde.
      3) MCP pede à FPF (e não ao VRA) a cessão do Couto, tirando TODA A PRESSÃO sobre o VRA;
      4) A FPF oficializa a requisição do Couto Pereira ao Coritiba, já com os valores definidos;
      5) VRA diz pra todo mundo que “nunca” houve uma conversa entre CAP e CFC para a negociação e diz que tomará as providências cabíveis para evitar a cessão do estádio (o que ele mesmo sabe que é inevitável);
      6) A imprensa paranaense tem assunto para noticiar;
      7) A FPF vence a suposta “queda de braço” com o Coritiba, o estádio é cedido à FPF afim de sediar os jogos do CAP;
      8) MCP ganha seus créditos com a torcida rubronegra;
      9) VRA mantém seus créditos com a torcida alviverde, tendo feito “tudo que estava ao seu alcance”, e não “queima seu filme” com a torcida.

      Cara, se para a construção da Arena será necessário DESAPROPRIAR várias propriedades no entorno da Arena, você acha mesmo que o Coritiba teria forças (ainda que quisesse, o que NÃO é o caso) para evitar que o Atlético mandasse seus jogos no Couto Pereira? O VRA mesmo já disse que terá que ceder o Couto para o Atlético disputar a Série B….

      Veja, não há ironia em nada. Nós, torcedores apaixonados por nosso clube, estamos sendo ludibriados por um jogo de cena. Só isso. No final, as duas instituições (Coritiba e Atlético) saem ganhando.

      Ah, sim: eu não sou filiado a nenhuma entidade que exija a cessão da minha casa para quem quer que seja. Desculpa aí, mas vai ter que ser na tua casa mesmo. =D

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  7. Excelente o segundo comentário: “É tão evidente que não se aplica este inciso que se assim fosse o Atlético poderia, via FPF requisitar um jogador do Ctba e este seria obrigado a ceder, sem pagar nada e utilizá-lo.”

    É nítido que o inciso fala de seleção local ou nacional.

    Sr Cury assumirá os riscos que os jogos do Atlético vão provocar? Haverá retaliação, e quem vai pagar será ele!!!

    Se esta decisão for imposta, acho certo o Coritiba desvincular-se da FPF, afinal campeonato paranaense já perdeu a graça… nem precisava existir, manda o trófeu pro Couto e fim, é sempre assim mesmo.

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